A morte do arquiteto que planejou Brasília, Oscar Niemeyer, foi muito lamentada. Merecidamente. No entanto, outra grande obra ligada a, então, recém-inaugurada capital do país teve um mártir. E ninguém lembra mais dele: Bernardo Sayão. Hoje embora seja difícil dimensionar toda a importância da abertura da estrada Belém-Brasília, cujas obras Sayão comandou em 1959, ninguém lhe nega o mérito de ter contribuído decisivamente para reduzir o isolamento da Amazônia em relação ao restante do Brasil.
Construir os
Para a empreitada contratou 4.000 trabalhadores e os colocou sob a liderança de dois irmãos, ambos engenheiros, Carlos e Fernando Guapindaia. A missão deles: construir a estrada até o ponto onde se daria o encontro, no Maranhão, com a frente de trabalho vinda de Goiás, sob o comando do próprio Sayão. Carlos revelou a esta coluna: – Não existiam ainda as motosserras. As árvores eram derrubadas a machadadas, e, depois empurradas por tratores. Havia samaumeiras com oito metros de diâmetros de raízes que tinham de ser dinamitadas. Os alimentos para os trabalhadores nós tínhamos de jogar de pequenos aviões, sem ver ninguém na mata, guiados apenas por fogueiras acesas pelos operários.
Estas aflições preencheram o último dia de vida de Bernardo Sayão: 15 de janeiro de 1959. Ele já alcançara o Maranhão. Faltavam apenas duas semanas para ocorrer o aguardado encontro das duas frentes de trabalho. No livro “Meu pai, Bernardo Sayão”, Lea Sayão conta que o engenheiro se sentia nervoso. Havia 48 horas que seus operários não se alimentavam adequadamente, quando uma árvore foi derrubada, com muito barulho e descontrole. Naquele instante, Sayão trabalhava numa barraca, em direção da qual a árvore se inclinou, esmagando-a. Ele ficou preso, com fraturas na cabeça, no braço e na perna esquerda. Os operários conseguiram retirá-lo dali, mas não havia nenhum tipo de atendimento de emergência. Quando finalmente chegou um helicóptero, com alimentos, os operários colocaram Sayão nele. Mas o engenheiro já estava em coma. E, logo, morreu.