Variedades

Dona Onete promove os ritmos paraenses, do carimbó ao brega

Outra personagem de Amazônia Groove – o documentário de Bruno Murtinho que explora os caminhos da música paraense e chega aos cinemas nesta quinta, 6 – é Dona Onete, como não poderia deixar de ser.

Em maio, ela lançou Rebujo, seu terceiro disco, prestes a completar 80 anos. Professora de história e estudos amazônicos durante toda a vida, sempre com um fraco pela música e pela cultura local, foi apenas na sua sétima década de vida que ela entrou de fato na indústria da música – e os dois primeiros discos a colocaram num tipo de evidência nacional que nem ela nem seus produtores imaginavam (No Meio do Pitiú e Jamburana se tornaram obrigatórias em espaços de música brasileira em São Paulo nos últimos anos). Ela apresenta o novo trabalho nesta sexta-feira, 7, no Cine Joia.

“O que está acontecendo é um grande rebujo musical no Pará”, diz Dona Onete, por telefone desde Belém, pouco antes de embarcar para São Paulo (leia mais ao lado) – a palavra diz respeito a trazer à tona o que estava no fundo do rio.
As canções do álbum trazem o carimbó “chamegado”, marca característica de Dona Onete, mas passeiam pelo brega, pelo bolero e até pelo samba – Musa da Babilônia, uma parceria com BNegão, que fala sobre uma musa do Leme, no Rio, no ritmo de Noel Rosa e Beth Carvalho.

“Sempre vou mesclando alguma coisa, porque não sou cantora de só um ritmo”, afirma. “Não quis usar o carimbó como escudo. E eu não escrevo nada, só canto e os meninos gravam. Na hora de compor, vem de uma vez, a letra, o ritmo e tom. Essa é uma vantagem que levo por ser compositora e cantora.”

A alegria permanente de sua voz, cantando e falando, entrega o motivo de ela continuar fazendo e produzindo música nova, mas a própria Ionete da Silveira Gama acredita que precisa seguir abrindo os caminhos nos ritmos dominados historicamente por homens. “No sertanejo, você vê o que aconteceu. As mulheres só ficavam na parte de trás, mas agora vieram para o palco e deu certo. Mulher canta, toca de tudo, guitarra, banjo, maracas”, completa.

Antes de subir ao palco, porém, Dona Onete apresenta, também em São Paulo, seu “cooking show” a Cozinha Maravilhosa de Dona Onete, nesta quinta-feira, 6, no Centro Cultural Rio Verde. Com habilidades culinárias testadas e famosas inclusive na cena musical do Pará (como Gaby Amarantos garantiu, em uma entrevista recente), a cantora apresenta a experiência gastronômica, cozinhando durante um bate-papo com o público – que, ao final, tem direito ao prato principal (peixada ao molho caboclo) e sobremesa (pudim parauara). Os ingressos custam R$ 180. O evento já foi apresentado na Austrália e Nova Zelândia, onde Dona Onete esteve no início deste ano.

“Não dá para desligar a culinária do que eu falo, com tanto tempo de estrada”, conta. “Está totalmente ligada ao trabalho artístico.” Balanço do Açaí é uma das faixas do novo disco, mas, desde o sucesso de Jamburana, de 2013, as comidas típicas aparecem nas suas letras, numa mistura típica e inconfundível.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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