Mundo das Palavras

OS VÂNDALOS MAIS PERIGOSOS

Confira a coluna semanal Mundo das Palavras, assinada pelo jornalista e professor doutor Oswaldo Coimbra

Para onde terá rumado o Brasil,
imediatamente após a atual fase de grandes manifestações populares de ruas, já
em evidente esgotamento, cada vez mais restrita agora a passeatas com menor
número de pessoas, movidas por reivindicações pontuais?  Ao contrário do que ocorria há poucas semanas
quando milhares de brasileiros se mobilizaram em prol de muitas bandeiras
correspondentes às variadas necessidades de nossa população não atendidas pelos
governantes do país.

Nos levará para onde este destravamento do
eleitorado que, preso a legítimas expectativas de atuação decente e eficiente
dos candidatos eleitos por ele, pareceu desistir de esperar, e, procurou se
transformar, ele próprio, no agente capaz de atender a seus anseios? Para a
chamada “democracia direta”? Para uma sociedade mais justa com quem a sustenta
com seu trabalho?

Ou a estrutura social vigente, contaminada
pela corrupção, não terá flexibilidade suficiente para sofrer este ajuste? E,
por isto, estimulará o aparecimento de grupos radicais, violentos, tanto em
defesa desta estrutura – formados por quem nela goza de situação privilegiada -,
como em busca da destruição dela – formados por quem suponha existir a
possibilidade de criação de outra ordem social, menos desigual?

É óbvio que a maioria dos brasileiros quer
apenas paz e justiça. Dois pleitos que lhe são negados porque a riqueza que
ajudam a produzir cotidianamente, em vez de ser aplicada em serviços públicos,
nas áreas de Saúde, Educação, Habitação e Transporte, termina em grande parte
sendo apropriada, privatizada, por políticos que tinham a obrigação de servir lealmente
a quem lhes deu votos.

Estes políticos são, sem dúvida, os mais
perigosos vândalos.  Porque como os
desatinados destruidores de pontos de ônibus, e de outros bens públicos que
aproveitam as manifestações de ruas para agir, eles também degradam a
democracia. Com muito maior dano a ela, pois levam os eleitores a descreem no
valor de seu voto. Introduzindo no horizonte deles um perigoso anseio por uma ordem
social autoritária. 

São vândalos imediatistas em suas
ganâncias. E irresponsáveis, inconsequentes, como representantes do povo.           

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