Primeiro, inesgotável disposição para gastar tempo. Neste caso, produzindo só maldades. Some a ela, imaginação desenvolvida apenas para criar situações que deixe outra pessoa humilhada, angustiado, encurralada e um tipo meio diabólico de inteligência. Acrescentea tudo isto imensa covardia disfarçada na capacidade de agir escondendo o rosto. Ponha por fim,um sentimento de onipotência alimentado por esta covardia.
Estes são os traços do perfil psicológico do sujeito que desde setembro último já movimentou diversas vezes a Polícia de São Paulo, uma emissora de televisão e um órgão de defesa dos direitos humanos para o gozo de suas satisfações pervertidas. Seu mecanismo interior monstruoso foi acionado simplesmente porque sua vítima não quis viver com ele. E encontrou vasto campo de ação.
Sua vítima é uma moça fragilizada tanto por sua condição social, como por circunstâncias familiares. Tem 27 anos, é mãe de três crianças,e, se responsabilizasozinha tambémpelo sustento desua genitora. Sem ter completado o ensino médio, para obter a renda de que necessita, se tornou garota de programa. E não pode revelar isto a seus familiares, pessoas simples, mas imbuídas dos valores da família tradicional brasileira. Assim, não poderia existir contexto existencial mais favorável às ações daquele indivíduo. Sobretudo porque ele encontra em representantes de órgãos públicos e da imprensa sensacionalista rapidez e ânimo para agir contra a moça. Afinal, ela é uma “Geni”“feita pra apanhar, boa de cuspir”.
Provido com este poder, o sujeitousou uma falsa denuncia de maltrato a menor de idade para acionarno meio da noite, uma rádio patrulha que interrompeu o sono das crianças da moça para inquiri-la em sua própria na casa. Depois, ele esteve no prédio onde a moça recebe clientes, se passando por policial, para acusá-la, diante do síndico, de cumplicidadeno assassinato do homem degolado no centro de São Paulo. Isto apenas como mostra do que faria depois. Mais tarde. concedeu entrevista a um programa sensacionalista de emissora de tv,com imagem desfocada, para repetir a mesma infâmia. Isto provocou nova abordagem policial à moça. Desta vez, no prédio onde o sujeito esteve antes. A moça foi intimada por cinco policiais a comparar ao DHPP, no dia seguinte. Lá, ouvida durante mais de duas horas, pela autoridade de plantão, foi,é claro, liberada, mas já estava muito abalada.
Ao perceber que haviamcessados os efeitos daquela maldade, o sujeito fez duas outras investidas num mesmo dia. Denunciou a moça para um órgão de defesa dos direitos humanos, alegando que ela era menor de idade e estava se prostituindo. E para o disque-denuncia da polícia disse que ela estava envolvida numa briga violenta. Provocou assim odeslocamento até o prédio onde a moça passa o dia de representantes daquele órgão, e, a ida de nova leva de policiais.
Tais maldades feitas com o intuito de punir, atormentar e arrebentar com a vida da moça, o indivíduo entremeia com outras, que pratica diariamente. Por exemplo, envia mensagens com ofensas pesadas para o celular dela. Bloqueia o telefone, com o qual ela faz contato com clientes, através de chamadas incessantes. Liga para a casa dela e denuncia sua fonte de renda, depois passa aagredi-la verbalmente. Só não causa maior estrago porque os familiares da moça gostam dela e preferem acreditar na sua correção pessoal.
Nesta situação absurda, há um último componente chocante: a moça já procurou uma Delegacia da Mulher e registrou queixa. Formalmente, passou a ser protegida pela Lei Maria da Penha. Porém, tudo foi inútil.Com tanta impunidade, o que mais o monstro vai fazer?