Mundo das Palavras

Quem protege a mulher de um psicopata?

Coluna semanal do jornalista, doutor em Comunicação Social e professor Oswaldo Coimbra

Os especialistas chegaram a uma porcentagem nos seus cálculossobre a extensão do flagelo social representado pela presença de psicopatas entre as pessoas. Segundo estes cálculos, os portadores deste terrível transtorno de personalidade, a psicopatia,correspondem a quatro por cento de qualquer população. Só no estado de São Paulo, portanto, existiriam um milhão e seiscentos milpsicopatas, definidos por uma das vítimasdeles como seres que se dedicam a quebrar cada pedacinho de seus semelhantes.  Ela escreveu isto no blog que criou para alertar as internautas contra as desgraças geradas por este tipo de doente mental.Nome do seu blog: vitimasdepsicopatasenarcisistas. 

Há mais de um mês trouxemos para esta coluna o caso da paulistana de 28 anos, mãe de três crianças que se tornou presa fácil das perversidades de um destes seres desequilibrados. Pois, para sustentar sozinha sua família, a moça, sem maior escolaridade, é obrigada a atender homens que procuram garotas de programa na Avenida São João. Sua fragilidade social é evidente. Por exemplo, na pouca importância dada aos sofrimentos que ela relatou em locais como a Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo e na Delegacia de Proteção à Mulher do centro da capital. Neste último local a moça chegou a ser formalmentecolocada sob o resguardo da Lei Maria da Penha. Mas a providência não lhe garantiu nenhuma proteção efetiva.  Apenas seu perseguidor foi intimado a comparecer à audiência com juiz. Isto dois meses depois da obtenção pela moça da tal proteção.

Neste período o psicopata, sem tomar conhecimento da intimação,vem dando prosseguimento ao cerco insuportável que já tinha criado, descrito naquela nossa coluna. Faz dezenas de ligações telefônicas diáriasparaa moça e para seus familiares, as quais reforça com incontáveis mensagens escritas e enviadas por celular. Com um único objetivo: o deofender,tanto a moça como as pessoas que lhe são próximas. Este incômodo permanente, diário, o psicopata cria mil modos de aumentar com falsas denúncias à polícia contra a moça. Atribui-lhea autoria de todotipo de crime, até de assassinato, como o que o fez através de programa sensacionalista de televisão, escondendo o rosto.

Cada denúncia falsa provoca constrangedora abordagem policial à moça, esteja ela onde estiver. Ela, então,é mais uma vez intimada a comparecer a uma delegacia para depor sobre crime que não cometeu. Numa destas idas forçadas às delegacias, um funcionário, depois de constatar a perda de tempo e a inutilidade para a polícia das intimações da moça, insinuou-lhe uma sugestão, como se admitisse a inoperância dos meios legais para deter um psicopata. Disse-lhe: “Você só se livra de um psicopata mandando matá-lo”.

O psicopata, contudo, não se limitou a manter o cerco que vinha sustentando contra a moça. Desde setembro do ano. Depois de cientificado da audiência que terá com um juiz, passou a também ameaçar fisicamente a moça. E, como antes já tinha caçoado da polícia com falsas denuncias, começou passou a caçoar igualmente da Justiça. Telefona para os parentes da moça que não tinha incomodado para deixá-los em pânico com informações distorcidas sobre a audiência. Diz que a moça é quem está sendo convocada pelo juiz por ter se envolvido com tráfico de drogas.

Há poucos dias, amoça passou a contar com o advogado que aceitou defendê-la sabendo de antemão dos poucos recursos reunidos por ela para remunerá-lo. O nome deste solitário defensor da Justiça merece ser conhecido: Marcos Santos Conceição. O grau de dificuldades que terá pela frente ele já conheceu. Seu pedido de prisão preventiva do psicopata foi negado por um juiz criminal de plantão.

 

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