Mundo das Palavras

Teologia colcha de retalhos (1ª parte)

No seu site, Edir Macedo, o criador e líder da Igreja Universal do Reino Unido-IURD, reservou espaço para tratar de um assunto considerado delicado por muitos religiosos: sexo.
 
Naquele espaço, há um texto que seria de autoria de um jovem de 16 anos, cuja intenção, ao escrever para Edir, foi a de obter orientação sobre como lidar corretamente com a necessidade de se masturbar sentida por ele. Em resposta a este texto, Edir inicialmente transcreveu o seguinte “parecer científico”, como ele denominou a manifestação sobre o assunto, preparada, a pedido dele, pela doutora Eunice Higuchi, médica ligada à IURD: a “masturbação, devido principalmente aos estudos da Sexologia, é entendida como uma prática normal na infância, adolescência, fase adulta e velhice”.
 
A doutora acrescentou ainda: uma pessoa deve procurar aconselhamento médico apenas quando a busca por este tipo de prazer sexual se torna compulsiva a ponto de afetar outros aspectos da vida dela.  Se tivesse encerrado neste ponto sua resposta, Edir teria, em primeiro lugar, demonstrado que havia renunciado totalmente à abordagem daquele tema pelo ângulo próprio de um líder religioso. Em segundo lugar, ele teria deixado claro que não só endossava a interpretação da médica, supostamente dotada da objetividade e do rigor das Ciências, como a tornava sua, também.
 
Estas duas atitudes poderiam ser vistas como demonstrações de que Edir, na condição de líder máximo de sua igreja, quer poupar os fiéis dela dos conflitos psicológicos provocados pela repressão religiosa da sexualidade humana.  Neste caso, então, ele estaria a serviço de uma religiosidade mentalmente mais saudável, sintonizada com os avanços dos conhecimentos científicos sobre o corpo humano. Infelizmente, no entanto, a imagem do Edir Macedo iluminista, em guerra contra a intolerância obscurantista expressa por algumas religiões no tratamento da sexualidade humana, é logo borrada pelo trecho que ele acrescenta à manifestação da médica.
 
Nele, Edir parece querer, ao mesmo tempo, confirmar e contrariar as palavras da doutora, sem se importar com a dificuldade que cria esta falta de coerência lógica para quem pretenda identificar qual, afinal, é a orientação dada por ele a respeito da prática da masturbação.
 
Eis o que escreveu o confuso Edir: “Espiritualmente, a masturbação é uma inclinação carnal. O ato em si não é pecado. Mas, sim, o motivo pelo qual é feito. Ou seja, o pensamento que o  motiva. Conciliar a boa consciência cristã e tal prática é impossível, penso eu. O que fazer? Paulo ensina: É melhor casar do que viver abrasado. Mas, e os  abrasados impedidos de casar? Acredito que a masturbação seria a saída mais segura. Isso se não houver intenção impura no coração. (Mateus 5.28) O batismo no Espírito Santo, creio, é a única solução definitiva para este problema. Por conta disso, o cristão reúne condições de vencer o mau pensamento. É capaz de resolver o problema, já que Ele oferece saídas.  Porém, enquanto isso não acontece, é normal, especialmente entre jovens em formação. É como disse a dra. Eunice. O ideal seria ocupar a mente com pensamentos puros. Sendo assim, não haverá masturbação. E sem masturbação não haverá acusação maligna. “Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer”. (Gálatas 5.16)
 

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