Mundo das Palavras

Marina e a Nova Política

O surgimento inesperado da candidatura de Marina Silva, nas próximas eleições presidenciais, em substituição à de Eduardo Campos, morto num acidente de avião ocorrido na cidade de Santos, em plena campanha eleitoral, evitará a perda dos votos de considerável parte da população brasileiras, segundo os analistas políticos. Aqueles eleitores que iriam anular seus votos ou votariam em branco para manifestar insatisfação com a política profissional de nosso país, agora, segundo estes analistas, estão motivados a votar nela, preservando seu direito de escolha entre as candidaturas oficializadas.
 
Isto explicaria por que, já na primeira pesquisa sobre as tendências do eleitorado, realizada depois da morte de Eduardo Campos, Marina apareceu como a candidata preferida  por  mais de  vinte por cento dos eleitores. Com este índice de preferência, ela logo situou-se abaixo de Dilma Rousseff, interpondo-se assim entre a atual presidente da República e Aécio Neves. Antes visto como o candidato com maiores chances de oferecer uma possibilidade de alternância na administração do país, vencendo e substituindo Dilma, Aécio foi empurrado para o terceiro lugar na preferência dos eleitores, de acordo com aquelas pesquisas.
 
O início de campanha tão bem sucedido de Marina se deveu à recuperação pela candidata dos índices de aprovação que ela conseguiu na campanha eleitoral anterior na qual foi derrotada por Dilma. Como nas eleições anteriores, agora também em torno dela se alimenta, entre os eleitores cansados com o comportamento habitual dos nossos homens públicos, a esperança de surgimento no país de uma nova forma de se fazer política. Esta Nova Política, encarnada na figura de Marina, foi transformada em plataforma e discurso eleitorais dela. Promete superioridade moral e maior eficiência administrativa em relação aos resultados obtidos pelos atuais gestores do país. Acenando com um governo probo, sem as marcas dos vícios tradicionais de nossos mandatários.
 
Infelizmente, tal esperança parece se apoiar somente na figura de Marina, uma pessoa sem dúvida bem intencionada. Mas a retidão pessoal de um governante é suficiente para o estabelecimento de um novo modo de conduzir o governo do país, depurado dos vícios que  garantem hoje à presidência do Brasil a famigerada governabilidade, palavra pomposa com a qual se designa a troca de apoio na execução das necessárias ações administrativas por cargos e verbas públicas destinadas a partidos políticos?
 
Acreditar nisto talvez seja apenas um ato de fé em Marina. Pois as complicações éticas contidas no aluguel do avião que vinha sendo usado na campanha eleitoral por Eduardo Campos e por ela, reveladas pela imprensa, parecem demonstrar a inexistência de espaço dentro da estrutura sócio-política brasileira para a eficiência de uma ação voluntarista como aquela sustentada somente pelas boas intenções de Marina.
 
 

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