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Joshey Leão: quem lembra dele?

Por três décadas, ele foi o mais importante bailarino do Brasil. De Joshey Leão, no entanto, se pode dizer que só a morte soube tratá-lo adequadamente. Buscou-o, aos 45 anos de idade, em pleno exercício de sua arte, com um enfarte fulminante. Naquele momento, ele ensaiava o balé da Ópera “O Guarani” que estrearia no Teatro Municipal de São Paulo, duas semanas depois.  
 
No majestoso teatro, Joshey era primeiro bailarino e professor de dança. Ao longo de 30 anos, tinha ganhado todos os prêmios destinados à sua categoria artística no Brasil. Os instituídos por entidades culturais, como a Sociedade Paulista de Ballet. E os de jornais (O Globo, por exemplo) assim como de associações jornalísticas, entre outras, a Associação Interamericana de Imprensa.
 
“É o único bailarino brasileiro que pode ser comparado aos soviéticos”, disse Monteiro Lobato, ao entregar-lhe o prêmio Revelação do Ano quando Joshey tinha somente 12 anos de idade. Lobato presidia a Academia de Artes de São Paulo que criara a premiação. 
 
Dezenove anos depois, em Studegard, na Alemanha, Joshey foi incluído entre os cinco melhores bailarinos do mundo pelos jurados do Festival Internacional de Filmes de Ballet, patrocinado pela prefeitura local. Eles o viram dançar no filme “Narcisus”, inscrito no festival por diplomatas do Itamaraty. 
 
Porém, nos últimos anos, Joshey lutava contra o desânimo provocado pelo desprezo às artes com o qual o País se deixara impregnar, desde que militares tinham assumido o governo, cerca de 20 anos antes. No clima de exaltação à rude virilidade militarista, os dançarinos de ballet tinham sido particularmente atingidos. 
 
Joshey chegara a desistir de dançar, nos meados dos anos de 1970. Fazia apenas três anos que retornara ao universo de sua arte. Quando O Estado de São Paulo publicou: “Joshey Leão, vida e morte no balé”. Sob o título, a notícia da morte dele, no dia 15 de abril de 1983.  
 

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