Mundo das Palavras

Lennon, o militante político perseguido

John Lennon esteve reunido, em 1970, na Inglaterra, com Regis Debray, influente estrategista de jovens revolucionários da América Latina, entre os quais estava Dilma Rousseff. A estes combatentes, ele tinha apresentado uma forma de luta de guerrilha apropriada para seu continente, no livro “Revolução na Revolução”. 
 
Debray, àquela altura, acabara de ser libertado na Bolívia, depois de permanecer preso por três anos, devido a seu engajamento no grupo de guerrilheiros comandados por Che Guevara. 
 
Após reunirem-se, Lennon e Debray assinaram manifesto de apoio à atitude do príncipe do Camboja, Norodom Sihanouk, de se negar a colaborar com as tropas dos Estados Unidos, envolvidas na Guerra do Vietnã.
 
A espionagem daquele encontro em Londres foi ocultada pelo FBI (Federal Bureau of Investigation), dos Estados Unidos, durante os 23 anos que o historiador Jonathan Wierner, da Universidade da Califórnia, lutou para ter acesso a todos os documentos secretos produzidos pela agência de investigação sobre Lennon. 
 
Wiener chegara a obter mais de 270 páginas com investigações do FBI sobre o artista, através da Justiça. Com elas, escreveu "Gimme some truth: The John Lennon FBI files”. Em que – utilizando-se de documentos oficiais do diretor do FBI, J. Edgar Hoover – mostrou como o Governo Nixon atribuiu alta prioridade à preparação da deportação de Lennon. A iniciativa – não concluída – tinha como um dos seus motivos uma irritação provocada pela repetição, por cerca de 30 vezes, da frase “Poder para o povo”, – slogan do grupo revolucionário Black Panther Party -, numa música de Lennon. 
 
Dez páginas restavam a respeito de Lennon. E o FBI negou-se a entregar até 2006. Sob alegação de que os Estados Unidos poderiam sofrer retaliação se fossem divulgadas, pois, continham informações secretas de um governo estrangeiro. 
 
Na verdade, como verificou, depois, Wiener, eram informações do MI-5 (Military Inteligence Section 5) inglês. Que tinha espionado o encontro de Lennon com Debray. Assim como o apoio dele a atividades da extrema esquerda da Grã-Bretanha, dado através de seus laços pessoais com o escritor paquistanês Tariq Ali e o historiador britânico Robin Balckburn, comunistas trotskistas.
 
Aquela ação do MI-5 não foi, porém, a primeira do sistema repressivo inglês contra Lennon. Dois anos antes, o apartamento em que ele vivia com Yoko Ono sofreu invasão policial truculenta sob o comando do Sargento Norman Pilcher. O trauma provocado em Yoko levou à perda do bebê do casal que ela gestava em seu ventre.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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