“Quem tem pau tem medo”, assegurou Caetano Veloso. Numa paráfrase à frase que atribui este tipo de sentimento a quem tem ânus, isto é, a toda a Humanidade.
Com a alteração da frase, Caetano provocou o descortino de dimensões obscuras da masculinidade.
Sim, o macho humano tem até mais do que medo. Tem pavores, ligados a seu órgão sexual. Que não são apenas os decorrentes de eventuais fracassos, quando precisa exibir virilidade física. Nem os de sentir-se inferior, nas comparações do tamanho do seu pênis, com o de outros homens. Tampouco os da falta de ereção, num namoro apaixonado.
A paráfrase de Caetano aponta para medos mais profundos, ancestrais. Não surpreenderia se a ciência viesse a descobrir que o homem das cavernas os sentia. Eles estão no rosto apavorado de Medusa, monstro da mitologia grega, segundo Freud. Criados pelas mulheres. Num texto traduzido com competência pelo filósofo Ernani Chaves, Freud diz “Decepar a cabeça é igual a castrar. O medo da Medusa é, então, medo da castração… A partir de inúmeras análises, conhecemos o motivo desse medo. Ele se mostra quando o menino, que até então não queria acreditar nesta ameaça (de castração), avista uma genitália feminina. Provavelmente, uma genitália de mulher adulta cercada de pelos. No fundo, a da mãe”.
Em nosso País, alguns dos maiores poetas românticos, dos anos de 1800, como Álvaro de Azevedo, por exemplo, morreram sem ter “conhecido mulher”, no sentido bíblico. Nas análises da criação deles se pode perceber a insistência com que tratavam artisticamente da temática “Amor e Medo”.
No entanto, o que faz hoje o Google exibir tantos links sobre homens que preferiram amar mulheres de borracha, não parecem ser só estes pavores instalados na camada mais profunda da psique masculina. Um material do inconsciente coletivo, estudado por Jung. Porém, nem é necessário formação de psicoterapeuta para alguém perceber nestes homens um gosto por brincar com bonecas. Que nem sempre tem a beleza das mulheres infláveis fotografadas pela norte-americana Stacy Leigh, como mostra uma das imagens produzidas por ela, postada aqui junto com este texto .
Gosto de brincar com bonecas, ao mesmo tempo, parecido e diferente do das meninas de antigamente. As de hoje gostam mesmo é de tablets. Parecido porque, nos dois casos, há prazer em fornecer cuidados maternais. Diferente porque, no caso destes homens, este prazer não tem apenas um eventual fundo erótico – como, no caso do das meninas – pois, como se sabe, é explicitamente genital, também.