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Caso Backer não afeta vendas de cervejas artesanais em Guarulhos, dizem cervejeiros

Todos os especialistas ouvidos pela reportagem afirmaram que o ocorrido em Minas é algo incomum e que os fãs deste tipo de bebida não vão deixar de consumí-la por causa das intoxicações

Mesmo com quatro mortes supostamente causadas pela contaminação de cervejas da marca mineira Backer (veja mais abaixo), as vendas de cervejas artesanais em Guarulhos permanecem no mesmo ritmo, segundo três cervejeiros da cidade entrevistados pelo GuarulhosWeb. Todos os especialistas ouvidos pela reportagem afirmaram que o ocorrido em Minas é algo incomum e que os fãs deste tipo de bebida não vão deixar de consumí-la por causa das intoxicações. 

“Acontecem contaminações em diversos tipos de produtos. E nem por isso deixaram de consumir, por exemplo, o leite. Talvez manche para um público novo, mas para quem já é consumidor é indiferente”, disse Daniel Bello, um dos responsáveis pelo perfil @dividindoocopo, especializado em cervejas. 

“Estou esperando as investigações para saber o final. Está com cara de contaminação criminosa. A fábrica já reiterou diversas vezes que não usa aquele produto [dietilenoglicol] para resfriamento na produção. A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), senão me engano, também comunicou que mais de 90% das cervejarias brasileiras não usam tal produto. A Backer é a maior cervejaria de MG. 60% da produção do estado sai de lá”, continuou Bello. 

Para Denis Pure, presidente da Associação Guarulhense de Cerveja Artesanal (AGruCerva), quem conhece cervejas artesanais sabe que o que aconteceu com a Backer “sem nexo” e, por isso, a comercialização não foi prejudicada. “O cuidado fundamental para a produção da bebida é a limpeza extrema. O dietilenoglicol, que consta a principio nos laudos da Backer, é um produto usado para gelar o chopp antes de servir, não na produção. Isso está bem estranho”, avaliou. 

Sócio-proprietário do Empório DoQuintal, Pedro Rigoni afirmou que seus clientes têm noção que é um problema pontual com a Backer. Ele mesmo, inclusive, já vendeu cerveja da empresa mineira. “Sempre foi uma marca bem conceituada no ramo cervejeiro, com muitas cervejas premiadas. Trabalhamos bastante com ela, mas zeramos o estoque antes da virada do ano”, disse. 

Rigoni destacou também que o dietilenoglicol precisa ser substituído pelas cervejarias que ainda o utilizam. “O mais seguro e mais barato no processo de resfriamento da bebida seria o próprio álcool etílico, que já é usado por bastante cervejeiros”, finalizou. 

Entenda o caso

O dietilenoglicol, encontrado em amostras de cervejas da Backer e na água da fábrica, é apontado pela Polícia Civil de Minas Gerais como o causador da síndrome nefroneural. Tal síndrome teria provocado, até agora, quatro mortes no estado, sendo que mais quatorze pessoas estariam internadas com suspeitas de intoxicação. A Backer nega o uso do dietilenoglicol no processo de fabricação.

Nesta quinta-feira, a cervejaria apresentou um vídeo à Justiça com possíveis indícios de sabotagem. A produção de cervejas artesanais está parcialmente liberada na empresa, mas a venda dos rótulos continua proibida.

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