Meio Ambiente

O desastre ecológico em Iguape

A bela cidade de Iguape, no Litoral Sul de São Paulo, abriga até hoje a primeira obra de navegação do Brasil, intervenção que acabou ocasionando o fim do Porto de Iguape

Trata-se do Valo Grande, um canal artificial, que começou a ser construído em 1837, com o objetivo de interligar o porto ao rio, com dois braços de 4,40 metros de largura e pouco mais que 1 metro de profundidade.


O canal foi construído em Iguape por conta do desenvolvimento crescente da região, em função da produção agrícola – como o arroz –, o plantio por inundação, e a extração de metais preciosos, como o ouro. Todo comércio, naquela época, era efetuado por meio do Porto de Iguape, no Mar Pequeno, e o transporte de cargas se dava por meio do rio Ribeira de Iguape. Existia também outra via de 2 km que separava o rio do Porto.


No entanto, o desnível de água entre o rio e o mar deu origem a um escoamento de alta velocidade e ocasionou a erosão do canal do Valo Grande, que na década passada chegou a ter 300 metros de largura e 10 de profundidade.


Por conseqüência da erosão, perdeu-se o porto por assoreamento e terras que antes serviram para o plantio pelo sistema de inundação.


A lição que se aprendeu com tamanho desastre ecológico em Iguape é que se deve ter muito cuidado com as obras hidráulicas.


*Plínio Tomaz, 66, é engenheiro civil pela Escola Politécnica da USP, ex-superintendente e diretor do SAAE, e ex-funcionário do Ministério das Minas e Energia. Atualmente, é conselheiro do CREA-SP, diretor de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da ACE-Guarulhos, coordenador do projeto de norma da ABNT para aproveitamento da chuva e assessor especial de meio ambiente da OAB-Guarulhos.



 

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