Dólar reduz queda com temor sobre PEC Emergencial e volta a R$ 5,60

O dólar reduziu o ritmo de queda nos negócios da tarde desta segunda-feira, 1°, voltando para a casa dos R$ 5,60. Com isso, o real passou a operar bem descolado de seus pares, com a moeda americana caindo 1,1% no México e África do Sul e quase 2% na Turquia, e também do Ibovespa, que chegou a subir mais de 2%. Incertezas domésticas acabaram prevalecendo. O foco dos investidores é a votação da PEC Emergencial, prevista para a quarta-feira, e a dúvida é se vai contemplar cortes de gastos. Há ainda preocupações sobre o avanço acelerado da pandemia e a possibilidade da adoção de novas medidas restritivas pelo País. Nem mesmo o superávit comercial de US$ 1,152 bilhão em fevereiro trouxe algum alívio.

No primeiro fechamento de março, o dólar terminou em leve queda de 0,09% no mercado à vista, cotado em R$ 5,6006. No futuro, o dólar para abril fechou em alta de 0,68%, aos R$ 5,6475. No final da tarde, com o mercado à vista já fechado, o dólar futuro bateu máximas com a notícia de que o governo pode compensar a desoneração do diesel com aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos.

Pela manhã, a notícia da aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão proposto por Joe Biden na Câmara em Washington fez o dólar cair para a mínima do dia, a R$ 5,55, com o real acompanhando seus pares emergentes. Pela tarde este movimento continuou nos demais emergentes e moedas como os dólares da Austrália, Canadá e Nova Zelândia. O comportamento mais calmo hoje dos retornos (yields) do Tesouro americano, ainda que se mantenham em patamares altos, e o aumento nos preços das commodities estão ajudando estas moedas, observa o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Mas o real segue na contramão.

"A deterioração das expectativas persiste", comenta o economista-chefe da JF Trust Gestão de Recursos, Eduardo Velho. O foco agora é a votação, adiada da semana passada para esta quarta-feira (3), da PEC Emergencial. O economista avalia que um texto desidratado, sem contrapartidas de cortes do mesmo montante que o aumento do auxílio, pode levar a uma nova piora das expectativas dos agentes, incluindo para inflação e os juros.

"Auxílio sem sustentabilidade fiscal é tiro no pé", comentam os estrategistas da Blueline Asset Management. "O desarranjo financeiro, que pode ser desencadeado caso o auxílio não tenha nenhum tipo de contrapeso fiscal, tornaria a ajuda de renda inócua ao longo do tempo, pois traria aumento de inflação, contração das condições financeiras e menor crescimento." O presidente Jair Bolsonaro disse hoje que está quase tudo pronto para recriar o auxílio, que será de R$ 250 e vai durar 4 meses.

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