O mês de referência citado no primeiro parágrafo é setembro, não agosto como informado anteriormente. Segue texto corrigido:
Com alta de 17,8% em setembro, o número de homicídios dolosos, quando há intenção de matar, subiu pelo terceiro mês consecutivo em São Paulo, segundo estatísticas divulgadas nesta segunda-feira, 26, pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Já os registros de latrocínios (o roubo seguido de morte), estupros e crimes patrimoniais melhoraram.
Em nove meses, esta é a sexta vez que o indicador de homicídios piora no Estado, o que contraria o histórico das últimas décadas, quando São Paulo vinha acumulando quedas nas taxas de assassinatos. De acordo com a SSP, foram notificadas 238 ocorrências no mês passado, ante 202 no mesmo período de 2019.
Já considerando o acumulado do ano, o aumento de assassinatos é de 7,1% até o momento. Desde janeiro, 2.128 casos foram registrados pela polícia paulista. No ano passado, haviam sido 1.986. Segundo a pasta, a taxa atual é de 6,82 homicídios por 100 mil habitantes, ainda a menor do País.
Segundo o secretário executivo da Polícia Militar, o coronel Alvaro Batista Camilo, a maioria dos assassinatos cometidos em São Paulo está ligada ao tráfico de drogas, ao uso de álcool e também às armas de fogo. "O homicídio acontece longe da ação policial, normalmente em áreas mais periféricas ou em comunidades, que a polícia não consegue atuar diretamente. Então ela trabalha indiretamente com a droga, o álcool e as armas, fazendo as operações", diz Camilo. "As características do homicídio levam a polícia a combater indiretamente."
Para o secretário executivo, a alta deste ano pode estar relacionada a conflitos intensificados pelo isolamento social por causa do coronavírus. "Tivemos aumento de casos interpessoais, ou seja praticado por pessoas que se conheciam. Esse é um indicador que liga claramente à pandemia", afirma. "Também houve muitas execuções, que são decorrentes do tráfico de drogas."
Em meio à escalada das mortes, comandantes receberam orientação para estudar caso a caso, entender a dinâmica atual dos assassinatos e desenvolver estratégias específicas em cada região, segundo Camilo. "Temos variações desde o início do ano, ora com aumentos no interior, ora na capital", diz.
Na cidade de São Paulo, após alta em agosto, o índice ficou estável com 52 assassinatos registrados em setembro, o mesmo número de 2019. Já no recorte da soma dos dez primeiros meses, o indicador subiu 4,2%, totalizando 493 boletins de ocorrências. No ano passado, haviam sido 473 no mesmo período.
<b>Crimes patrimoniais recuam</b>
O Estado registrou, ainda, 15 latrocínios em setembro — seis casos a menos do que em 2019. Já as notificações de estupros recuaram 13,6%, passando de 1.201 para 1.308 no Estado.
Na contramão dos homicídios, crimes patrimoniais continuaram decaindo, de acordo com os dados da SSP. Para furtos, a queda foi de 25,4%. Foram 40.969 ocorrências, ante 20.571 em setembro de 2019.
Também houve recuo de 25,5% nos roubos, com 15.225 boletins registrados no mês, ante 20.433 no período anterior. Por sua vez, 2.249 veículos foram roubados em setembro — uma queda de 31,7% em comparação com 2019.
"Os crimes contra o patrimônio eram uma preocupação muito forte", afirma Camilo. "A polícia continua muito na rua, as operações não pararam." Segundo o secretário executivo, neste ano foram apreendidos 77 fuzis, mais de 8 mil armas de fogo e 2,3 mil toneladas de droga. Já as prisões somam 131 mil casos em São Paulo.
<b>Letalidade cai no trimestre, mas é cedo para falar em tendência de queda</b>
De acordo com as estatísticas da pasta, o número de pessoas mortas em supostos confrontos com a polícia caiu no último trimestre. No acumulado do ano, no entanto, São Paulo ainda tem resultado pior do que em 2019.
Foram 162 casos de letalidade entre julho e setembro, a maioria dos quais envolvendo a PM. A queda é de 19% em relação ao mesmo intervalo de 2019, quando 200 haviam sido mortos pelas forças de segurança de São Paulo.
Do total do último semestre, 125 ocorrências envolveram PMs de serviço e outras 27, de folga. Já em relação à Polícia Civil foram dez registros: oito em serviço e dois de folga.
Por sua vez, o acumulado do ano indica que houve 676 mortes decorrentes de intervenção policial em 2020. Isso representa aumento de 8% comparado ao ano passado, quando 626 casos haviam sido registrados até então.
"Os casos estão diminuindo, mas ainda é muito cedo para falar de tendência de queda. Sei que o Comando da PM está fazendo um trabalho muito forte para usar o máximo os armamentos não-letais e o uso progressivo da força", diz Camilo. "Em São Paulo, 73% das pessoas que atiraram contra a polícia saem vivas porque são presas ou fogem. Precisamos diminuir o número de confrontos. Não é deixar de agir. É usar inteligência para se antecipar ao criminoso."