Até há pouco tempo, o banqueiro André Esteves considerava o BTG Pactual “um banco mais latino-americano do que brasileiro”. Ao anunciar, no mês passado, a aquisição da gestora de fortuna suíça BSI, controlada pela seguradora italiana Generali, por aproximadamente US$ 1,7 bilhão, o banco começou a trilhar novos horizontes.
Com a aquisição do BSI, o BTG Pactual passa a ter US$ 200 bilhões em ativos. As áreas de gestão de ativos e de fortunas vão representar quase a metade da receita total do banco quando a integração estiver concluída. “Essa aquisição foi importante, uma vez que passa a ter um hub na Suíça. Mas não dá para dizer que o BTG é um banco global agora “, disse o alto executivo de um banco estrangeiro.
No fim de março, o banco também comprou 2% no Monte dei Paschi di Siena, instituição financeira mais antiga do mundo. Foi mais uma aquisição simbólica do que estratégica do ponto de vista de internacionalização.
Na semana passada, André Esteves foi questionado sobre novas aquisições na teleconferência com analistas sobre o balanço do segundo trimestre – o BTG lucrou R$ 962 milhões, melhor resultado para o período desde a abertura de capital. Na ocasião, Esteves disse que o banco não pretende fazer aquisições relevantes no exterior, no curto prazo, uma vez que tem de “digerir” o BSI. Pode até ser verdade, mas pelo histórico de aquisições do banqueiro brasileiro, novas oportunidades sempre vão estar no radar do banco.
Foi na década de 90 que André Esteves estreou no mercado financeiro, como funcionário do antigo banco Pactual. Em 2006, a instituição foi vendida para o suíço UBS, que levou o banqueiro brasileiro para chefiar a operação de renda fixa do banco, em Londres. Dois anos depois, Esteves deixou o UBS, fundou o BTG, e aproveitou a crise financeira global para, em 2009, recomprar o Pactual.
Fontes de mercado informaram ao jornal O Estado de s. Paulo que Esteves tentou comprar o braço de investimento do Bradesco, para se fortalecer no País. “Houve várias conversas, mas não chegaram a um acordo”, disse um banqueiro.
Após a fracassada tentativa, Esteves fez em 2010 um negócio considerado arriscado, ao se tornar sócio do PanAmericano, do empresário Silvio Santos, junto com a Caixa Econômica Federal. A operação, que até agora só dá prejuízo, deverá voltar a ser lucrativa até o fim de 2015, segundo o BTG. O banco prepara até o fim deste ano uma capitalização de R$ 3 bilhões no Pan.
O processo de internacionalização começou em 2012, quando o BTG adquiriu a Celfin, corretora de valores no Chile, que também opera no Peru e na Colômbia, e a Bolsa y Renta, a maior corretora em volume de transações em ações na Colômbia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.