No primeiro dia de operação privada do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, passageiros ainda enfrentaram os mesmos velhos problemas, como instalações precisando de reparos e falta de conforto. O vaivém de operários no saguão denuncia que o Galeão ainda é um grande canteiro de obras, dentro e fora dos terminais de embarque e desembarque.
Algumas alterações cosméticas já foram feitas. A sinalização foi trocada, os tetos foram reparados e plantas foram colocadas em algumas áreas comuns. Nesta terça-feira, 12, começaram a funcionar os postos de informação nas áreas de desembarque e foram inaugurados dois fraldários remodelados, entre os quatro previstos. A coleta seletiva de lixo já está funcionando, e as fitas organizadoras de fila no check in receberam o logotipo da nova concessionária.
“Está mudando. Antes não tinha nem banco para sentar lá fora, não tinha flores, era meio mórbido”, lembrou o auxiliar de passageiros, Paulo Lima. Mas a lista de problemas é longa. Máquinas automáticas de check in enguiçadas, passagens interditadas, fiações expostas e esteiras rolantes desativadas. Uma escada rolante em manutenção obrigava passageiros a subirem os andares carregando malas pesadas sobre suas cabeças. No estacionamento, as cancelas foram substituídas por modelos automáticos, mas homens ainda trabalhavam na pavimentação.
“O terminal 2 ainda está melhor do que o terminal 1, mas não é bom o suficiente”, disse o australiano Andrew Bruckin, profissional do ramo de mineração, que divide seu tempo entre sua terra natal e uma pequena cidade próxima a Santarém (PA). No Galeão, Bruckin estava sentado no chão, junto a uma parede, porque não havia interruptores próximos aos poucos assentos disponíveis para passageiros no saguão. “Não tem tomada para o laptop perto das cadeiras”, notou.
Antigos prestadores de serviços terceirizados pela Infraero estão sendo transferidos para as novas empresas contratadas pelo consórcio Rio Galeão. Se por um lado a maioria do staff continua a mesma, por outro, as regras de conduta durante o expediente parecem ter endurecido. “Agora estamos proibidos de conversar ao celular, também não podemos sentar durante o serviço”, contou uma funcionária da equipe de limpeza.
O consórcio também teria endurecido as regras de atuação de taxistas da cooperativa que serve ao aeroporto. Eles estariam impedidos, desde sexta-feira passada, de entrar na área de desembarque para captar passageiros.
Segundo o site da Infraero, o Aeroporto Internacional do Rio registrou 1% de atraso e 14,1% de cancelamentos nos voos domésticos até 18h desta terça. Nos voos internacionais, o índice de atrasos foi de 5,6%, e o de cancelamentos alcançou 16,7%.
O consórcio Rio Galeão é formado pela Odebrecht Transport e Changi Airports International, com uma fatia de 51%, e Infraero, com os 49% restantes. O contrato de concessão foi assinado em abril, com o vencedor do leilão realizado em novembro.
O grupo assume agora de vez a operação do aeroporto, mas ainda conta com a assistência da Infraero por um período de três a seis meses, até a entrega definitiva. O consórcio vai investir R$ 5 bilhões no Galeão nos 25 anos de concessão, dos quais R$ 2 bilhões até a Olimpíada, daqui a dois anos.