O setor metalmecânico e eletrônico de Minas Gerais vê oportunidades de elevar suas vendas para o México e prepara uma missão comercial ao país entre 27 de setembro e 3 de outubro. Conforme o consultor de negócios internacionais da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, esse contato direto pode gerar incremento de vendas do Estado ao mercado entre 2% e 5% a partir de dois anos.
“Nós entendemos que em termos de matérias-primas já há uma natural inserção nossa no mercado mexicano. Agora, temos uma base de valor agregado que queremos incluir na pauta comercial, que atende, nos segmentos eletroeletrônico e metalmecânico, máquinas, equipamentos, artefatos de aço, peças mecânicas, itens de precisão médicos, estes dentro da nossa nomenclatura de mercadorias”, explicou Brito. Ele esclareceu que a Fiemg estabeleceu em estudo no ano passado alguns mercados prioritários, o que inclui países da América Latina e África e que as semelhanças entre Brasil e México favoreceram a organização da missão comercial.
“Encontramos semelhanças entre nossos países. É uma economia no mesmo estágio de desenvolvimento que a nossa, o consumidor mexicano é parecido com o brasileiro, o setor automotivo local é muito forte, o país vai implementar projetos de infraestrutura e também está liberando os investimentos no setor de energia. E isso pode nos ajudar a criar oportunidades para nos inserirmos de forma competitiva”, disse o consultor.
Conforme dados da Fiemg no estudo de Potencialidades para os Produtos do Complexo Metalmecânico no México, com base em informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), em 2013, enquanto o Brasil exportou cerca de US$ 4 bilhões de produtos para o México, Minas Gerais vendeu US$ 218,848 milhões. Os principais itens vendidos ao país foram os metalúrgicos, com receita de US$ 92,5 milhões, participação de 42,26% das exportações totais do Estado ao México, seguidos das obras de ferro/aço – US$ 89,989 milhões e fatia de 41,12%; máquinas e aparelhos mecânicos, com US$ 51,181 milhões e representatividade de 23,39%; e motores e peças mecânicas, com receita de US$ 27,104 milhões, com participação de 12,38%.
Dentre as empresas com sede em Minas que exportaram ao país estão Fiat, Gerdau, Usiminas, Mahle Metal Leve, ThyssenKrupp, Cia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), Iveco e Magnesita. “No México, as decisões são tomadas com calma e após grandes estudos. A burocracia é grande, com muitos papéis e várias vias para assinatura. Os mexicanos são desconfiados e vagos no início de uma negociação e cabe ao interlocutor vencer essa barreira; vencida, eles passam a ser afáveis e cordiais”, sugere a Fiemg, no Estudo.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto, “é seguro” que as vendas do setor para o país vão crescer. Segundo ele, algumas das 150 empresas do Vale da Eletrônica, situado em Santa Rita do Sapucaí, no sul do Estado, já têm mantido comércio com o México há 10 anos, com vendas de equipamentos sensoriais de automação industrial e segurança (Circuito Fechado de Televisão – CFTV, alarmes, cercas elétricas).
“Como estamos lá há mais tempo, nossos produtos já estão sendo homologados e conhecidos pelo mercado, o que facilita o processo. O México é um mercado que tem consumo maior desses itens do que produz, tem boa receptividade com o produto brasileiro e são muito exigentes no padrão e na qualidade dos itens”, informou o executivo, que não quis cravar um porcentual de crescimento das vendas ao país latino.
O Vale da Eletrônica tem faturamento anual de R$ 2,7 bilhões, com vendas para 21 países. Para Souza Pinto, o principal desafio do setor é diminuir as importações e aumentar as vendas externas.