Empresas brasileiras estão fazendo “desinvestimentos” em operações no exterior. Esse é o diagnóstico do Fórum das Empresas Transnacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a entidade, com base em dados do World Investment Report 2014, entre 2011 e 2013 o País desfez US$ 7,346 bilhões em investimentos que estavam alocados lá fora.
O menor ritmo de consumo e uma atividade econômica mais lenta em países importantes explicam a retração. Para Carlos Mussi, diretor do escritório da Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) no Brasil, não se pode generalizar. Na visão dele, nem todos os setores enfrentam um cenário mais adverso e baixa lucratividade. “Tudo depende do setor. Commodities, por exemplo, perderam preço e as empresas que operam com esses produtos sofreram mais”, explicou Mussi. Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos, pondera que a geração de lucro mais baixa, além da volatilidade nos mercados nos últimos meses, incentivou os empresários e investidores a uma busca por rentabilidade com risco reduzido. Os altos juros pagos pelo Brasil também influenciaram a tomada de decisão. Com isso, tem-se trocado aplicações em produção por retornos obtidos por meios de papéis de dívida soberana e títulos privados.
O balanço de pagamentos brasileiro, segundo ela, reflete esse movimento. “O capital de curto prazo (investimento em carteira) tem crescido mais que o de longo prazo (Investimento Estrangeiro Direto)”, disse. “Se a gente observa os fluxos para o Brasil, as operações de carry trade voltaram”, observou. O carry trade, mencionado por Zeina, ocorre quando o investidor capta recursos a um juro baixo no exterior e traz para o Brasil para investir em títulos públicos e privados em busca do diferencial de juros. Para a CNI, o quadro pode ser revertido. A avaliação é de que o Brasil precisa de uma estratégia coordenada de políticas para fomentar os investimentos empresariais no exterior. “É essencial ir além de uma avaliação de curto prazo e considerar o potencial de ganhos associados a internacionalização sobre a produtividade e a capacidade de inovação das empresas que investem no exterior”, defendeu Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da entidade