O setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 4,715 bilhões em julho, informou o Banco Central, nesta sexta-feira, 29. Pela série histórica da instituição, este é o pior resultado para o mês da série histórica iniciada em dezembro de 2001, já que é a primeira vez que o saldo fica negativo no mês de julho. Esta também é a primeira vez na história que o BC registra déficit no resultado do setor público por três meses consecutivos.
Em junho, o resultado havia sido negativo em R$ 2,100 bilhões. Em julho do ano passado, houve superávit de R$ 2,287 bilhões. O superávit primário consolidado de julho ficou bem pior do que as estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, que iam de um déficit de R$ 2,9 bilhões a um superávit de R$ 2 bilhões, com mediana positiva de R$ 1,2 bilhão.
O esforço fiscal do mês passado foi composto por um déficit de R$ 1,895 bilhão do Governo Central (Tesouro, Banco Central e INSS). Os governos regionais (Estados e municípios) influenciaram o resultado negativamente com R$ 2,217 bilhões no mês. Enquanto os Estados registraram um déficit de R$ 2,472 bilhões, os municípios tiveram superávit de R$ 255 milhões. Já as empresas estatais registraram déficit primário de R$ 603 milhões.
As contas do setor público acumulam um superávit primário de R$ 61,526 bilhões em 12 meses até julho, o equivalente a 1,22% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o Banco Central, o esforço fiscal caiu em 12 meses em relação ao período encerrado em junho, quando estava em 1,36% do PIB, ao totalizar R$ 68,528 bilhões. O superávit em 12 meses está abaixo da meta de 1,9% do PIB (R$ 99 bilhões), definida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O esforço fiscal nesse período foi feito com a ajuda de um superávit de R$ 51,270 bilhões do Governo Central (1,01% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um superávit de R$ 10,846 bilhões (0,21% do PIB). Enquanto os Estados registraram um superávit de R$ 6,349 bilhões, os municípios alcançaram um saldo positivo de R$ 4,497 bilhões. As empresas estatais, no entanto, registraram um resultado negativo de R$ 589 milhões no período.
Em 2014
Nos primeiros sete meses de 2014 o esforço fiscal do setor público caiu 54,70% em relação a igual período de 2013, conforme o Banco Central. As contas do setor público acumulam no período um superávit primário de R$ 24,665 bilhões o equivalente a 0,84% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado, o superávit primário estava maior, em R$ 54,445 bilhões ou 1,99% do PIB. O resultado verificado este ano até agora é o pior para o período desde 2002.
O esforço fiscal no acumulado deste ano foi feito com a ajuda de um superávit de R$ 13,475 bilhões do Governo Central (0,46% do PIB). Os governos regionais (Estados e municípios) apresentaram um saldo positivo de R$ 11,457 bilhões (0,39% do PIB). Enquanto os Estados registraram superávit de R$ 7,761 bilhões, os municípios alcançaram um resultado positivo de R$ 3,696 bilhões. As empresas estatais registraram um déficit de R$ 267 milhões entre janeiro e julho deste ano (0,01% do PIB).
Juros
O setor público consolidado gastou R$ 27,996 bilhões com pagamento de juros em julho. Houve alta em relação ao gasto de R$ 18,691 bilhões registrados em junho deste ano e também ante os R$ 23,393 bilhões vistos em julho do ano passado.
O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) teve no mês passado um gasto com juros de R$ 27,921 bilhões. Já os governos regionais não registraram despesa com esta conta, que ficou positiva em R$ 201 milhões, e as empresas estatais tiveram gastos de R$ 276 milhões.
No acumulado dos sete primeiros meses do ano, o gasto com juros do setor público consolidado somou R$ 148,242 bilhões, o equivalente a 5,02% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período do ano passado, o gasto com juros foi de R$ 141,487 bilhões ou 5,16% do PIB. Já nos últimos 12 meses encerrados em julho, a despesa chegou a R$ 255,611 bilhões ou 5,06% do PIB.