Economia

Fipe mantém projeção de 0,22% para o IPC de setembro

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), André Chagas, manteve nesta quinta-feira, 11, a projeção para a taxa de inflação de setembro na capital paulista em 0,22%. Em entrevista à reportagem, ele defendeu a manutenção porque os dados da primeira quadrissemana do mês ficaram, em sua maioria, dentro do que era esperado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Nesta quinta-feira, o instituto divulgou que o IPC apresentou taxa de inflação de 0,24% na primeira medição de setembro ante alta de 0,34% no encerramento de agosto. O resultado ficou próximo da previsão de Chagas, que era de uma inflação de 0,28%. Também ficou dentro do intervalo de estimativas dos economistas do mercado financeiro, que, no levantamento do AE Projeções, aguardavam taxa de 0,18% a 0,32%, com mediana de 0,28%.

“O número da primeira quadrissemana veio bastante próximo”, avaliou Chagas. “Tirando algumas variações dentro de alguns subgrupos, no agregado, está tudo bem em linha com o esperado”, opinou.

Em sintonia com as expectativas da Fipe, a história da inflação em setembro tende a ficar concentrada nos principais grupos do IPC: a Habitação e a Alimentação. A diferença, segundo análise do instituto e dos economistas, é que estes conjuntos de preços devem gerar impactos opostos aos verificados no mês anterior.

Do lado da Habitação, somada a um alívio vindo da queda na conta de telefone fixo, a pressão que o reajuste de energia elétrica da Eletropaulo gerou no IPC de agosto tende a sair gradualmente da composição do índice em setembro. Quanto à Alimentação, o quadro de deflação que predominou em junho, julho e agosto deve perder força naturalmente no mês seguinte, fazendo com que o conjunto de preços migre aos poucos para o terreno de altas.

Na primeira quadrissemana de setembro, um esboço deste cenário já foi visto no IPC. O grupo Habitação subiu 0,82%, já bem menos que a alta de 1,20% do encerramento de agosto. A Alimentação, por sua vez, recuou 0,26%, também uma baixa menos intensa que a de 0,43% observada no fim do mês passado.

Dentro da Habitação, o item energia elétrica subiu 10,12% ante elevação de 11,76%, correspondendo a um impacto de 0,37 ponto porcentual para o IPC. A conta de telefone fixo, por sua vez, recuou 6,12% contra baixa anterior de 3,59% e gerou alívio de 0,18 ponto porcentual para a inflação geral na cidade de São Paulo.

Na Alimentação, o comportamento da carne bovina chamou a atenção da Fipe, já que o item apresentou elevação de 0,61% ante queda de 0,42% do fim de agosto e ajudou a pressionar bastante o grupo. A surpresa veio com o subgrupo Produtos In Natura, que apresentou baixa de 2,61% na primeira quadrissemana de setembro ante queda de 1,50% do fechamento de agosto.

Na avaliação de André Chagas, apesar de a volatilidade dos alimentos in natura sempre atrapalhar qualquer tipo de prognóstico sobre o futuro da inflação, há uma certeza em relação à carne bovina: de que este componente do IPC deve garantir a migração da Alimentação para o terreno de altas até o fim do mês.

Com isso, o instituto trabalha com a estimativa de que o grupo feche setembro com uma elevação de 0,55%, depois de altas esperadas de 0,07% na segunda quadrissemana e de 0,31% na terceira leitura do mês. Para a Habitação, a Fipe trabalha com previsão de baixa de 0,07% para o grupo no encerramento de setembro, depois de um aumento previsto de 0,30% na segunda medição e de uma variação negativa de 0,12% na terceira quadrissemana.

Em virtude dessa nova configuração prevista para os grupos no decorrer de setembro, o instituto prevê taxa geral do IPC em 0,19% na segunda leitura do índice do mês e uma inflação de 0,14% na terceira, antes do fechamento em 0,22%. A taxa aguardada para nono mês de 2014 ficaria, portanto, abaixo da observada em agosto, de 0,34%. Para Chagas, com isso, o cenário para o ano tende a ser novamente favorecido.

O coordenador continua com a projeção de 5,50% para o ano, com viés de baixa, mas ressaltou que, se as taxas mensais dos três últimos meses do ano ficassem parecidas com a aguardada para setembro, o resultado de 2014 até poderia ficar mais próximo do nível de 5,10% a 5,20%. Lembrou, no entanto, que o período de outubro a dezembro costuma contar com pressões adicionais nos preços da Alimentação e que um eventual reajuste da gasolina e em outros preços administrados poderia impedir taxas mensais tão baixas como a de setembro.

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