A antecipação da aplicação da tarifa de 3% de crédito tributário aos exportadores via Reintegra para outubro foi recebida positivamente pelo empresariado, embora tenha um impacto pequeno nos resultados das empresas este ano, avaliou o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Rafael Cervone. Para o executivo, que também ocupa a presidência do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o impacto positivo da medida deve se dar no campo da confiança do empresariado.
Antes do anúncio feito nesta segunda-feira, 29, pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, a alíquota para este ano era de 0,3%, sendo que ela subiria para 3% no início de 2015. Questionado sobre o impacto nos resultados financeiros das indústrias têxteis da antecipação em três meses da aplicação da alíquota maior, Cervone avaliou que “em três meses não vai resolver nada, mas é um sinal importante para retomarmos exportações, para as empresas que tinham o desejo de voltar a exportar e não retomaram ainda”. Ele afirmou ainda que “a confiança está muito ruim hoje” e atribuiu o fato a incertezas no cenário político e econômico.
A exportação é o destino de uma fatia pequena da produção têxtil brasileira. Anualmente, segundo Cervone, a exportação é de cerca de US$ 1,3 bilhão enquanto o faturamento do setor no mercado interno é da ordem de US$ 60 bilhões. No período de janeiro a agosto deste ano, as exportações têxteis diminuíram 6,39%, passando de US$ 841 milhões para US$ 787 milhões, se comparado com o mesmo período de 2013, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior compilados pela Abit.
Apesar da retração nas exportações, Cervone avalia que hoje há um desejo no setor de retomar a venda externa, principalmente diante das perspectivas menos otimistas para o mercado doméstico. Por conta disso, ele acredita que o Reintegra tende a funcionar como um estímulo, principalmente depois de Mantega ter anunciado em junho que o programa seria permanente.
Cervone calcula que hoje, com suas exportações, a participação da indústria nacional no mercado têxtil e de vestuário global seja em torno de 0,5%. Ele afirmou que a crise na Argentina, um dos principais destinos de exportação, fez com que o setor passasse a demandar a entrada em novos mercados. A entidade estuda hoje formas de ingressar no mercado chinês e em alguns países do Oriente Médio para que o market share brasileiro se eleve para 1%.
Cervone, que participou da reunião de Mantega com empresários da indústria na sede da Federação das Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), afirmou que outro tema discutido foi o câmbio. “Pelos estudos que fizemos, chegamos a um valor técnico de câmbio que atenderia à demanda de todos os setores que seria de R$ 2,60”, afirmou. “Seria um fôlego maior de curto prazo para retomar as exportações”, acrescentou.