A intensa volatilidade no mercado de capitais brasileiros em resposta às pesquisas eleitorais está sendo acompanhada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas até o momento não há nada que indique movimentos fora do padrão, afirma o presidente da autarquia Leonardo Pereira.
Segundo Pereira, a CVM tem um sistema de acompanhamento “bastante eficiente” para identificar indícios de uso de informação privilegiada e manipulação de mercado no sobe e desce da bolsa. “Qualquer movimento extraordinário, fora do natural, vai aparecer”, disse em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, durante a 39ª Conferência Anual da Iosco.
A pesquisa divulgada na última sexta-feira apontando o crescimento da presidente Dilma Rousseff levou a uma queda expressiva do Ibovespa. As ações de estatais como Petrobras e Eletrobras têm sido as mais afetadas pela gangorra eleitoral. A palavra especulação já passou pelo discurso da presidente Dilma Rousseff, do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
De acordo com Pereira, entretanto, não houve nenhuma discussão com a Fazenda acerca de mudanças na atuação da CVM em relação à divulgação de pesquisas. “Há uma volatilidade muito grande, mas todas as outras eleições apresentaram movimentos semelhantes. É preciso levar em conta a combinação com outros fatores, como as mudanças esperadas na política monetária americana”, disse.
O xerife do mercado de capitais não descarta apurações preliminares, mas diz que não há qualquer processo administrativo sancionador aberto para apurar práticas não equitativas pela antecipação de resultados de intenção de voto até aqui. “O sistema está sólido e levantando bandeiras amarelas”, afirmou.