Em mais alguns dias, a presidente Dilma Rousseff colocará à prova sua gestão à frente do Brasil. Mas independentemente do resultado do pleito, o (e)leitor ganha, agora, um instrumento de avaliação sobre como a “entidade” mercado percebeu a condução das políticas econômica e monetária em um mundo repleto de mudanças e, porque não, de experimentalismos, após a crise financeira desencadeada pela quebra do banco Lehman Brothers, em 2008.
O livro Inflação, Juros e Crescimento no Governo Dilma traz uma coletânea de textos do jornalista Fábio Alves que, ao longo dos últimos quatro anos, acompanhou, dia a dia, como investidores e analistas enxergavam as mudanças macro e microeconômicas promovidas pela primeira mulher a ocupar o mais alto posto político do País.
Em suas colunas e textos diários publicados no Broadcast, serviço de tempo real da Agência Estado, e agora compilados por temas neste livro, o jornalista mostra os conflitos e antagonismos da “nova matriz econômica brasileira no mundo pós-crise”, termo usado no subtítulo de sua publicação, que chega às livrarias no dia 21 de outubro, por meio da editora Alta Books.
O economista e ex-diretor do Banco Central (BC), Luís Eduardo Assis, no prefácio do livro, destaca o pioneirismo da publicação, “já que este é um dos primeiros livros a analisar os complexos condicionantes que marcam a gestão econômica da presidente Dilma”. “Não resta dúvida de que o andamento da economia entre 2011 e 2014 será tema de muitos outros estudos, que se guiarão pelo trabalho inaugural de Fábio Alves”, pontua Assis logo no primeiro parágrafo do prefácio.
Em meio a muitas críticas e indisposições entre mercado e governo, Fábio Alves pondera, na abertura do livro, que “a gestão Dilma atravessa a transição dos países desenvolvidos de um cenário recessivo e de turbulência com a dívida de seus governos para um ambiente de gradual recuperação. É, sem dúvida, um ambiente externo bem mais desafiador do que o seu antecessor, Luís Inácio Lula da Silva, teve de enfrentar no seu primeiro mandato, de 2003 a 2006”. E Luís Eduardo Assis completa, no prefácio, que para colher resultados tão ruins quanto Dilma obteve na economia “não basta tomar medidas tecnicamente equivocadas; é preciso também ter azar”.
Temas
É justamente nesse cenário que os textos compilados no livro retratam a percepção do mercado financeiro em relação aos mais diversos temas econômicos. “O objetivo desta coletânea não foi o de fazer uma narrativa linear, com os textos sendo publicados em uma ordem cronológica. A ideia foi fazer um relato por meio de textos agrupados por temas, da tensão e dos atritos que marcaram a condução da economia pela presidente Dilma”, diz Alves, também na abertura do livro.
Sendo assim, o primeiro dos sete capítulos traz uma discussão do viés ideológico dos principais integrantes do governo, refletido em uma condução mais heterodoxa da economia brasileira. Em seguida, o autor retrata as disputas internas, percebidas pelo mercado, entre Banco Central e Ministério da Fazenda. O terceiro capítulo aborda a criticada política fiscal engendrada pelo governo. Logo depois, Fábio Alves reproduz a desconfiança de investidores e analistas para com a política monetária e a credibilidade do BC. No quinto capítulo, surgem as razões, atribuídas pelo mercado, que explicam o crescimento aquém do esperado nestes últimos anos. No sexto, discute-se as tendências da economia global e suas implicações no Brasil. No último capítulo, o autor joga luz sobre os riscos e desafios do País a partir de 2015.
Como destaca Paulo Vieira da Cunha, economista-chefe da ICE Canyon LLC e ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, em sua apresentação, ler este livro é voltar a viver este período gota a gota: “Ainda não é o momento de fazer o balanço dos últimos quatro anos. Mas é sim o momento de interpretá-lo, de conhecê-lo e situar o que foi feito. Para isso, este trabalho é indispensável.”
O lançamento do livro ocorrerá amanhã, a partir das 18 h, na Livraria Saraiva do Shopping Pátio Paulista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.