Política

UM CALENDÁRIO PARA O BRSIL

Confira coluna política do deputado federal Carlos Roberto (PSDB) que trata dos rumos que o Brasil deve tomar a partir dos movimentos populares de junho

Por
mais que as mobilizações populares de junho tenham deixado claro um
alto grau de insatisfação com os governantes brasileiros, medido pelas
pesquisas que revelaram quedas nos índices de aprovação tanto da
presidente Dilma Rousseff (PT), como de governadores e prefeitos, fica
no ar o que será do Brasil daqui para frente. Infelizmente, o que se vê é
uma grande inquietação da classe política, que tenta não perder o bonde
da história. Mas, em vez de olhar para o desenvolvimento do país e
tirar lições práticas, percebe-se que o foco – principalmente do Palácio
do Planalto – está apenas nas eleições de 2014.

Tanto
é assim que Dilma, movida pelos “iluminados” que a cercam, sai dando
tiros para todos os lados com o claro objetivo de sempre tirar vantagens
eleitorais. O 40º ministro da presidente, o marqueteiro João Santana,
que se julga o professor de Deus, resolveu que a resposta às ruas seria
jogar a responsabilidade de tudo que está errado na administração
federal nas costas do Congresso Nacional e do próprio povo.

Primeiro,
tirou de sua cartola de mágico uma nova Constituinte para acelerar uma
reforma política. Ideia iluminada e mal articulada foi sepultada em
menos de 24 horas. Depois, sacou da manga um plebiscito que nasceu
morto, para tentar jogar a população contra deputados federais e
senadores, como se todos os problemas do Brasil, apontados nas
manifestações populares, se resolveriam a partir da consulta popular.

De
tão ruim que foi a ideia iluminada, até a própria base do governo saiu
batendo cabeça. Nem o vice-presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu
falar a mesma língua de sua chefe maior, contrapondo o marqueteiro mor e
jogando mais gasolina na fogueira que se tornou o Palácio do Planalto.
Por tudo isso, os objetivos de Dilma vão sendo sepultados um após o
outro. Cogita-se uma reforma ministerial em um dia, com o enxugamento da
máquina que emperra o poder, e no outro vem um desmentido. Espera-se
ações efetivas e o que se vê são discursos no vazio. Tudo isso porque
não se pensa em um projeto para o Brasil e sim apenas em um projeto de
poder.

Desta
forma, é fundamental que – neste momento – o Congresso Nacional se
livre das amarras com o Palácio do Planalto e assuma seu papel na
transformação efetiva no Brasil. Que as oposições, ainda em minoria,
façam valer as vozes das ruas e criem um amplo calendário para o país,
com a definição clara do que se espera de seus representantes. A hora é
de definir a reforma política não visando a perpetuação do poder mas a
realização dos sonhos de milhões de brasileiros.

E
isso só ocorrerá no momento em que tivermos no comando da nação alguém
com capacidade para fazer gestão política e administrativa. Chega de
achismos ou ações pirotécnicas. Temos exemplos na história recente do
país de que esses mecanismos ilusionistas não perduram e levam a nação
ao caos. A inflação voltou. A corrupção nos altos escalões do governo
corre solta. Os condenados pelo Mensalão seguem fora da prisão. O melhor
neste instante é definir esse calendário político, elencando as
prioridades econômicas e sociais voltadas à população e não à
reeleição. 

*Carlos
Roberto é deputado federal, presidente da subcomissão de monitoramento
das políticas de financiamento dos bancos públicos de fomento, com
destaque ao BNDES, e industrial. 

 

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