Está ficando cada vez mais difícil criticar a qualidade dos produtos chineses e o pior: eles estão acordando para o bom atendimento.
Uma loja bem decorada, limpa e com as mercadorias todas bem alinhadas. Peças etiquetadas com o preço e rigorosamente separadas por modelo e cor. Uma música ambiente adequada e até um leve perfume que exalava de um aromatizador rústico.
Ao entrar, o atendente apenas lhe fita com os olhos e faz uma saudação cordial, colocando-se à disposição sem aquele grude tão comum em determinadas abordagens. Responde a todas as dúvidas enaltecendo o produto e oferecendo experimentação, indica o espelho e deixa claro que o “preço não é problema; a gente conversa”.
Desce um produto, oferece outro, e mais outro. Fala das cores, da composição, das tendências de moda e, enfim, faz o papel de alguém que está alí mais do que vendendo um produto, mas fazendo um trabalho primoroso e típico de elogio tanto pelo empresário que o contratou, como nosso, na condição de cliente. Pra concluir, o atendente arrisca comunicar-se em outros idiomas, adaptando-se às necessidades do cliente.
A cena não seria uma grande novidade se não estivéssemos narrando o cotidiano de uma loja cujo proprietário e seus respectivos funcionários são chineses e os produtos, talvez.
Acontece que há muito tempo, a preocupação do brasileiro em relação ao avanço do comércio chinês estava na oferta de produtos de má qualidade e que, em franca comparação aos produtos fabricados no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, os orientais seriam facilmente rechaçados, mesmo que custando uma baba. Esse tempo, entretanto, já passou pois hoje existem produtos chineses de qualidade superior a vários outros fabricados em países ditos desenvolvidos. Aliás – apenas para elucidar -estes mesmos países tem grandes empresas utilizando a mão de obra chinesa e até os produtos, a exemplo dos computadores, celulares, smartphones ou tablets.
Mas, os chineses tinham um gap, uma deficiência, que era a sua capacidade de atender bem; aquele tal calor humano. Aliás, alguém, lá atrás, já havia dito que se um dia que os chineses começassem a atender bem os clientes e vender seus próprios produtos direto ao consumidor, estaríamos entrando em uma outra fase complicada de concorrência.
Ao meu ver esse dia já chegou e eu entendo que a pedra lapidar que embandeira o monstro chinês não é a enxurrada de produtos, pois este pra mim é realmente o “Lado B”. O “Lado A” propriamente dito, isto é, o mais importante é o primor no atendimento ao cliente e ele já está aí.
Sobraram duas opções para os empresários: capacitar seus colaboradores para atender bem, ou comprar bons remédios para dormir.