Depois de muita discussão na sessão da Câmara Municipal da última quinta-feira, ficou decidido que os servidores municipais seriam contemplados com o acréscimo de 6% em seus salários e 13,64% no auxílio alimentação. Apesar da categoria ter decretado estado de greve em duas assembleias promovidas pelo Stap (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública), após a decisão dos vereadores, os dirigentes da entidade vêm evitando a imprensa e não se pronunciaram mais sobre os caminhos que o funcionalismo irá seguir.
O estado de greve permanece até que uma nova assembleia seja realizada. Mas nenhum novo encontro do funcionalismo foi convocado. O Stap se limita a informar que iria, a partir de sexta-feira, começar a percorrer as diversas pastas municipais para conversar com a base. Porém, nesta segunda-feira, o diretor do Sindicato, Sérgio Ricardo, informou ao GuarulhosWeb que esse trabalho começaria somente nesta terça. Informou ainda que o caso seria encaminhado ao Jurídico da entidade para verificar que caminhos poderão ser seguidos a partir de agora.
Já entre os vereadores, que voltam a se reunir nesta terça-feira em sessão ordinária, após os embates de quinta-feira, a divergência sobre a proposta aprovada pela Câmara Municipal, que não levou em consideração a reposição da inflação, que registrou índice acumulado de 8,36% nos últimos 12 meses, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos), permanece.
"No Brasil as coisas estão cada vez mais caras como o pão, gasolina, água, luz e o IPTU. O trabalhador perdeu o seu poder de compra. Fica o nosso sentimento de frustração, mas sabemos que nós da oposição e vários vereadores da base, inclusive do PT, brigaram demais para ser aprovada a emenda, porém, o prefeito saiu vencedor", declarou o vereador Guti (PV).
O vereador também revelou que, durante o período de negociação entre Prefeitura e Stap, ele realizou estudos que a Administração teria reais condições de conceder o reajuste incluindo a inflação nos últimos doze meses. "Através dos estudos que fiz, consegui provar por A mais B que caberia os 8,36% de aumento e não somente os 6% que foi dado. Obviamente terá uma perda real, segundo o Dieese, de 2,36%. Ou seja, nem a inflação foi corrigida", ressaltou.
Já a petista Eneide Lima preferiu apontar as possíveis penalidades que poderia sofrer o prefeito Sebastião Almeida (PT), conforme e Lei de Responsabilidade Fiscal, para justificar a propositura apresentada pelo chefe do Poder Executivo. De acordo com ela, o diferencial foram os impactos causados pela queda de arrecadação.
"O impacto real é que o ICMS, que representa mais de 50% da receita desse município, está em queda, assim como em São Paulo, maior estado da Federação, e em todo Brasil. Estamos vendo que os trabalhadores do ABC estão em férias coletivas ou sendo demitidos de empresas privadas. A receita da prefeitura também caiu", explicou a parlamentar do PT.
Além das penalidades, Eneide também afirmou não ser possível viabilizar um reajuste superior ao proposto e acredita que caso a proposta de correção fosse aprovada, Almeida teria de promover, caso não tivesse aumento na arrecadação do município, diversas demissões. Mas não descartou a possibilidade das partes retomarem as negociações no caso de prosperidade nas receitas da municipalidade.
"Se o prefeito aprova um reajuste que ele não tem como pagar, terá de mandar trabalhador embora. É preferível ter 6% agora e esperar o segundo semestre. Se melhorar a arrecadação negocia com o sindicato. Tenho certeza que o prefeito vai querer dar a inflação para os trabalhadores como sempre deu até o momento. Só não está dando agora pela instabilidade na economia", encerrou.