O juiz federal da 13ª Vara da Federal de Curitiba, Sérgio Moro, deve enviar, ainda, nesta segunda-feira, 28, o relatório da Operação Acarajé, relacionada a 26ª etapa da Lava Jato e intitulada de Xepa, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para análise dos magistrados daquela Corte da Justiça nacional. Os nomes do atual prefeito Sebastião Almeida (PT) e do ex-prefeito Jovino Cândido (PV) estão entre os citados nas planilhas apreendidas na empresa Odebrecht. Mas não é possível saber ainda se os nomes estão relacionados a doações lícitas ou não em campanhas eleitorais passadas.
O vasto material foi apreendido em um endereço citado do presidente de Infraestrutura da Odebrecht, Benedicto Barbosa Júnior, no Rio de Janeiro. Nas planilhas encontradas no local constavam nomes de mais de 200 políticos filiados a 24 agremiações partidárias. O codinome atribuído a Almeida era o de “sumido”, que estava ligado a palavra “esgoto”, além de numerais. Já Cândido não possuía qualquer outra identificação que não fosse o seu próprio nome.
Como medida de cautela, Moro entende que qualquer análise sobre os dados apreendidos será considerada prematura. Diante deste quadro e principalmente por conter nomes de políticos que contam com foro privilegiado, o juiz federal enviará todo material coletado na Operação Xepa, continuidade da Acarajé, para análise do Supremo Tribunal Federal. Nela também irá conter o relatório do juiz responsável pela Operação Lava Jato.
Os numerais que constam nas dezenas de planilhas encontradas no endereço relacionado ao dirigente da Construtora Norberto Odebrecht não possuem qualquer detalhe que possa dar o entendimento ao pagamento de propina a políticos em troca de contratos públicos, segundo Moro. De acordo com ele, os valores mencionados podem ser frutos ou não de operações ilícitas, além de terem a possibilidade de fazer parte de doações ocultas para campanhas políticas.
"Os pagamentos retratados nas planilhas da residência do executivo Benedicto Barbosa podem retratar doações eleitorais lícitas ou mesmo pagamentos que não tenham se efetivado". diz Moro. "A cautela recomenda, porém, que a questão seja submetida desde logo ao Egrégio Supremo Tribunal Federal", encerrou Sérgio Moro, que aguarda definição do STF sobre o envio dos documentos apreendidos.
O GuarulhosWeb tentou contato tanto com Almeida como com Jovino na semana passada, mas até o momento nenhum dos dois se manifestou.