Apesar de ter conquistado 31,7% dos votos no primeiro turno das eleições para o Governo de São Paulo, João Doria (PSDB) não tem certa a eleição para o Palácio dos Bandeirantes no próximo dia 28. Na pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira, além de aparecer tecnicamente empatado com o atual governador Márcio França (PSB), que teve 21% dos votos, o ex-prefeito paulistano é o mais rejeitado entre os dois candidatos. Enquanto 32% dos eleitores dizem não votar de forma alguma em Dória, apenas 20% não querem Márcio.
A rejeição surpreende pelo fato de Dória, nesta campanha de segundo turno, vir atacando em todas suas propagandas na TV e por mensagens em redes sociais o adversário, além de tentar colar a própria imagem ao líder das pesquisas para presidente Jair Bolsonaro (PSL), exatamente o candidato que até poucas semanas atrás, ele atacava. A tática, que poderia ser avassaladora, não deu resultados práticos nesta primeira pesquisa divulgada para o Governo.
Enquanto a rejeição de Dória se mantém em alta, a de Bolsonaro – a quem ele tenta a todo custo colar sua imagem – caiu consideravelmente neste segundo turno. O índice, que chegou a quase 50% durante a campanha de primeiro turno, é de 35%, segundo a última pesquisa Ibope, apesar de vir sendo fortemente atacado pelo adversário Fernando Haddad (PT) neste turno final (a dele chega a 47%).
Apesar dos ataques sistemáticos que vem sofrendo, Márcio França viu sua rejeição estabilizada em 20%, bem menor que o adversário. Além disso, ele cresceu bem mais que Dória. Enquanto o tucano avançou de 31,77% dos votos recebidos no primeiro turno para 46% na pesquisa Ibope, um crescimento inferior a 15 pontos, o atual governador foi de 21% para 42%, ou seja, dobrou seu eleitorado.
Faltando 10 dias para o segundo turno e com quatro debates marcados nas principais emissoras de televisão, a disputa tende a se acirrar ainda mais. Nos confortos entre os dois nos debates do primeiro turno, Márcio França demonstrou mais habilidade ao mostrar os discursos contraditórios de Dória que tem contra si, além de abandonar a prefeitura de São Paulo apenas 15 meses após assumir o cargo, a pecha de traidor.
Contra Márcio, Dória explora o fato dele ser do PSB, que ele considera de esquerda e que esteve aliado a governos petistas, sem considerar o fato de que o governador sempre se apresentou como oposição às lideranças do partido em nível nacional, principalmente na região Nordeste.