Política

DIA DA MULHER – Vereadoras de Guarulhos falam sobre a representatividade feminina

Dos 34 vereadores da Câmara Municipal de Guarulhos, apenas quatro são mulheres. Ou seja, um pouco mais de 10% das cadeiras são ocupadas por alguém do sexo feminino. Carol Ribeiro (MDB), Genilda Bernardes (PT), Janete Pietá (PT) e Sandra Gileno (PSL) são as vereadoras eleitas em 2016.
 
A representatividade no Legislativo não chega nem perto da proporção entre homens e mulheres na cidade. Segundo o Censo do IBGE, realizado em 2010, Guarulhos possuía, à época, 593.053 pessoas do sexo masculino e 626.936 do sexo feminino. Isto indica que as mulheres compõem mais de 50% da população guarulhense.
 
Diante deste cenário em que as mulheres são a maioria dos habitantes do município, mas têm pouca voz ativa na política da cidade, o GuarulhosWeb solicitou entrevistas com as quatro vereadoras. Confiram o que elas têm a dizer sobre a representatividade feminina no parlamento municipal:
 
GuarulhosWeb – A vereadora acredita que as mulheres deveriam ter mais espaço na política guarulhense? E como seria feito este processo?
 
Carol Ribeiro – “As mulheres devem, sim, ter mais espaço. Não apenas na política, nos poderes Executivo e Legislativo, mas, também, nas empresas privadas. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade machista.
 
Na Câmara Municipal, temos apenas quatro vereadoras e 30 vereadores. Para mudar isto, todos temos que nos conscientizar, não apenas os homens, que podemos exercer as mesmas funções que eles.
 
Precisamos também fazer um trabalho de valorização. Mostrar para as mulheres que o lugar delas é onde elas quiserem. E que política também é coisa de mulher.
 
Tivemos muitas conquistas ao longo dos anos, porém ainda temos muito a conquistar. Em determinados setores, nós somos vistas com indiferença, que são justificadas por uma possível ‘fragilidade’.
 
Para contrapor isso, vemos em alguns setores, como na construção civil, que é de trabalho braçal e antigamente dominado por homens, muitas mulheres ganhando espaço e mostrando sua força”.
 
Genilda Bernardes – “Eu acredito que as mulheres precisam e devem ter mais espaços na política. Nós mulheres temos um olhar diferente sobre a política. Conseguimos nos colocar no lugar dos outros e enxergar em uma mãe todos seus anseios e necessidades. 
 
Somos menos ambiciosas e o bom uso do dinheiro público é mais sagrado para nós. A forma das mulheres ampliarem sua participação política passa por vários contextos:
 
1- Políticas públicas e partidárias que estimulem a participação feminina;
 
2- Maior compreensão masculina de divisão de tarefas que possibilitem à mulher ter mais tempo para se dedicar à política;
 
3- Maior conscientização da própria mulher eleitora de votar em representantes femininas”.
 
Janete Pietá – “A democracia, para ser plena, precisa da presença da mulher. Somos 52% da população. Tem que mudar a educação e a cultura machista. Somos capazes, inteligentes e temos que ter todos os direitos. Transformar a consciência é o primeiro passo. Incentivar as meninas a participarem de todas as questões. Para as adultas, criar políticas públicas para diminuir a dupla jornada de trabalho.
 
É necessário criar lavanderias coletivas e creches noturnas. Assim, as mulheres poderão participar de ações partidárias e das executivas. Aqui em Guarulhos, só temos duas presidentes de partidos, a Genilda, do PT, e a do PV [Paula Gonçalves].
 
Igualdade de oportunidade de empregos e salários iguais. É preciso lutar para não reduzir a cota de 30% [de candidatas mulheres por um partido] e pela aposentadoria. Porque nós, mulheres, merecemos”.
 
Sandra Gileno – “As mulheres devem ter mais espaço na política porque precisamos lutar dia após dia pelos nossos direitos, sempre buscando realizar os ideais femininos e a construção de um país mais justo com políticas públicas que considerem, efetivamente, questões voltadas para nós mulheres.
 
O processo de inclusão das mulheres na política vem com oportunidades que nós, políticos, devemos criar. Isto se faz com debates nas casas legislativas e palestras, ou seja, devemos politizar a mulher brasileira como um todo.
 
Temos uma questão muito forte a ser tratada e mudada: a questão da exclusão histórica das mulheres na política. E, infelizmente, por conta disto, ainda encontramos dificuldades de inclusão. Mas, certamente, com o empenho de todos e a garra que é algo peculiar da mulher, vamos superar esta questão e vamos alcançar o que buscamos”.
 
GuarulhosWeb – O que vereadora já fez ou pensa em fazer em relação às mulheres guarulhenses?
 
Carol Ribeiro – “Em relação às mulheres guarulhenses, temos ótimos exemplos de força e garra. Andando pelos bairros, vemos muitas lideranças femininas fortes que lutam pelo seu bairro.
 
Vemos o exemplo das vereadoras que são grandes lutadoras. Não apenas pelos direitos das mulheres, mas pelos direitos dos cidadãos. 
 
Acredito na nossa força política. No entanto, muitas vezes, sofremos com a desvalorização e com o preconceito por sermos mulheres”.
 
Genilda Bernardes – “ Eu sempre tive ações voltadas para as mulheres: 
 
1- Criei, na época do Fundo Social, cursos de geração de renda para mulheres;
 
2- O projeto ‘Costurando o Futuro’, que existia no Fundo Social e que possibilitou mais de 500 mulheres a administrarem seus próprios negócios;
 
3- Criei a Casa de Passagem Feminina, que abriga mulheres em situação de rua; 
 
4- Coordenei o Programa Bolsa Família, que tratava de mais de 50 mil mulheres; 
 
5- Recentemente foi aprovado meu projeto de criação da Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência. E está tramitando o texto que cria o projeto Lavanderia Comunitária e empoderamento feminino.
 
Acredito na força da mulher, no seu senso de justiça, no seu apego à honestidade e na sua sensibilidade humana. O mundo seria melhor se fosse dirigido por mulheres”.
 
Janete Pietá – “A partir de 2001, criei políticas públicas para as mulheres, como as Casas da Mulher Clara Maria, para atender e profissionalizar mulheres e jovens. Também criei a Casa das Rosas, Margaridas e Beths, com o objetivo de amparar as mulheres que sofrem todo o tipo de violência. Além destes projetos, há também a Rede de Não Violência, que é a junção de todas as secretarias e da Delegacia da Mulher para discutir como combater a violência em Guarulhos. 
 
Incentivei a abertura da Maternidade Jesus José e Maria. Criei cursos profissionalizantes, como de costura, panificação, cabeleireiro e estética. Trouxe para cidade, como deputada, a Procuradoria Especial da Mulher. E muitas verbas federais para a saúde em geral. Hoje precisamos de um Hospital da Mulher. A Delegacia da Mulher precisa funcionar 24 horas. Aliás, precisamos ter mais de uma unidade. 
 
Necessitamos criar mais atendimentos às mulheres que sofrem violência nas regiões dos Pimentas e do Bonsucesso, que são as mais violentas. É necessário aprovar uma lei para que o texto da Lei Maria da Penha seja ensinado, mesmo que de forma básica, nas escolas municipais”.
 
Sandra Gileno – “Com a ajuda de Deus, do deputado Gileno e da minha equipe, tenho um trabalho social de inclusão da mulher no mercado de trabalho há mais de 10 anos.
 
Com este trabalho, profissionalizamos mulheres e naturalmente elas são inseridas no mercado de trabalho. Consequentemente, também, têm suas rendas complementadas.
 
Acredito que o trabalho dignifica e, como consequência, traz também uma autoconfiança. Com isto, nós, mulheres, nos sentimos capazes de encarar os percalços da vida.
 
Entendo que a independência financeira é um fator preponderante para que a mulher se sinta capaz de encarar a vida de cabeça erguida. Sempre com a certeza de que nada e nem ninguém poderá impedir o seu sucesso”.
 

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