Gíria é uma figura de linguagem que obedece a modismos. É algo reprovável porque empobrece a nossa tão violentada língua portuguesa. Na década de 1970, acreditem, era utilizada a expressão “Fala, bicho”, em vez das palavras “Pois não”.
Pois sim, o homem é um bicho esquisito. É rigorosamente a única parte da Criação de Deus que pensa ser mais do que de fato o é. Somente ostentamos a sagrada condição de Universos em miniatura quando plantamos a semente da humildade. E cuidamos dela.
A humildade é praticada nos mais singelos atos do cotidiano. Trabalhar é um deles. Quem trabalha, serve. Deus foi o primeiro Servidor. E Ele nunca se rebaixou por causa disso. Nós somente precisamos dar seqüência a Sua Obra neste pequeno planeta.
Mas, voltando ao paradoxo tão humano, nós buscamos desesperadamente um emprego, com o propósito de levarmos uma vida digna com os recursos materiais provenientes desse labor. Uma vez obtida a colocação, ato contínuo, consultamos o calendário mais próximo, a fim de sabermos quando haverá um feriado – de preferência, prolongado.
O ideograma japonês para a palavra ‘trabalho’ tem o significado de “facilitar a vida do outro”. E o conceito é bem esse mesmo. Cada um, na missão que lhe foi confiada, cerca de atenção, respeito e cortesia aquele que é beneficiado com seus melhores esforços.
Quando nos levantamos pela manhã, o galo já cantou e o padeiro já fez o pão nosso de cada dia. Os funcionários garantiram a manutenção das centrais elétricas e os médicos estiveram lá, de plantão, à espera de alguém que se sentiu mal durante a madrugada.
Nós precisamos entender a essência do verdadeiro trabalho, aquele que nos faz felizes e orgulhosos somente com a lembrança da forma como contribuímos para a construção da sociedade. “Pois aquele que não vive para servir, talvez não sirva para viver uma vida plena.” Bom serviço!
José Augusto Pinheiro, 51, é jornalista e trabalhador guarulhense.