“Caminha tranquilamente entre o ruído e a confusão, mas não se esqueça de que a paz existe sempre no silêncio”. Essas palavras abrem o clássico ‘Desiderata’, do filósofo norte-americano Max Ehrmann (1872-1945). Se possível, pesquise na internet sobre o texto completo; trata-se de um verdadeiro guia para a plena felicidade.
Não por acaso, a primeira parte da mensagem de Ehrmann informa o local onde nós encontrarmos a paz: no silêncio. As conversas vazias e inconsequentes nos afastam desse objetivo. Os momentos de introspecção, por vezes raros, são fundamentais para nos conduzirem à nobre sensação de leveza interior. A meditação nossa de cada dia nos transporta ao paraíso terrestre.
No mundo de hoje, com tantas formas de comunicação – especialmente o smartphone – nós falamos muito, e dizemos muito pouco. Há uma autêntica inflação de palavras, tolas e desprovidas de valor real. Na letra da música “Índios”, composta pelo inesquecível cantor e compositor Renato Russo (1960-1996), a verdade nua e crua: “Quem me dera, ao menos uma vez, provar que quem tem mais do que precisa ter, quase sempre se convence que não tem o bastante. E fala demais por não ter nada a dizer”.
Eu compartilho este famoso provérbio chinês, que é-me imensamente caro… “Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”. A flecha e a oportunidade ficam análise em outro momento, mas a palavra pronunciada nos lembra que somos escravos de tudo o que dizemos. De nada adianta pedir segredo, afinal o outro não tem como assumir a sua responsabilidade diante de tal fato sigiloso. A palavra que não emitimos é nossa refém, e sob esta nós temos pleno domínio.
Para concluir este silente e reflexivo artigo, quero presentear os leitores com rico pensamento do filósofo grego Pitágoras, criador da Escola de Crotona (parte da atual Itália): “Se o que tens a dizer não é mais belo que o silêncio, então cala-te”. E tenho dito.