É bom acalentar sonhos dourados. Eu fiz isso na adolescência, e o meu sonho tornou-se missão profissional. O gostoso de sonhar acordado é quando se percebe que existem outras pessoas acreditando no mesmo objetivo aparentemente utópico.
Nessa área eu tive um grande mestre, que continua ao meu lado sempre que preciso recorrer a ele. Seu nome é Osvaldo Tassi, 74 anos, e foi ele o primeiro a acreditar que um jovem simples, incrivelmente tímido e sem muitos recursos de comunicação pudesse ser locutor de rádio.
Eu agradeço imensamente a esse homem, que enfrentou diversas críticas de ‘adultos’ que diziam que o amadorismo do time era resumido na minha pessoa – à época, com 15 anos. Tassi acreditou em mim, e – creio – jamais se arrependeu.
Na outra ponta da história, está Felipe Augusto Diogo, 30 anos, deficiente visual. Ele é comentarista de futebol em rádio de São Bernardo do Campo (SP), e foi meu aluno de locução em 2009, no Senac Santana. Felipe já nasceu ousado, traduzia os textos dos exercícios para o braile, e hoje colhe os frutos.
Há poucos dias, a TV Uol fez matéria com esse jovem idealista. Ao assistir às imagens, eu chorei… Chorei de emoção, ao lembrar-me que em uma das primeiras aulas, Felipe me perguntou se eu acreditava que ele poderia alcançar seu sonho.
Eu pedi iluminação a Deus e, então, respondi-lhe: “Filho, o Pai não permitiria que nenhum de nós sonhasse com algo sem oferecer as ferramentas necessárias. Siga em frente! Não existem limites para quem acredita em si mesmo.” Felizmente, Felipe confiou nessa mensagem (que veio de ‘Cima’), e avançou.
Há momentos em que tudo que alguém possui é a Esperança; a ninguém é dado o direito de sepultá-la. Alguns irmãos desavisados tentaram fazer isso comigo. Eu segui o caminho oposto, e jamais me arrependi de elogiar, incentivar e encher de fé o coração daqueles que sonham com um mundo melhor para se viver. Há espaço aqui para todos nós brilharmos, muitas vezes na escuridão.