Quem faz aquilo de que gosta não precisa de passatempo, mas eu tenho um: lavar a louça em casa. É maravilhoso empregar o mais profundo sentimento de gratidão enquanto se lava o prato e os utensílios utilizados na refeição anterior. É, acima de tudo, um ato espiritual.
Quem me ensinou isto foi uma linda mulher, bem-humorada e encantadora. Ela é a rainha da simpatia, e ainda me abriga em seu generoso coração há décadas. Quando o amor dela por meu pai manifestou-se plenamente pela terceira vez, a jovem de 25 anos passou a abrigar-me em seu ventre.
Nesses anos todos, nos quais eu tenho o privilégio de chamá-la de mãe, Anninha me ensinou tudo o que sei de importante. Lavar a louça, inclusive. Por isso, se algum dia, eu for o presidente da República deste país (o que, estatisticamente, tem uma chance em 200 milhões), eu convidarei Anna Pinheiro para ocupar o Ministério do Amor incondicional e da Paz interior – a sigla será MAP.
No meu primeiro – e, talvez, único – dia de governo, eu promoverei completa reforma ministerial. Das 39 pastas existentes, restarão apenas três: Educação, Saúde e Segurança Nacional. A quarta estrela na Esplanada dos Ministérios será o MAP. Os demais prédios serão transformados em escolas, postos de saúde e em retiros espirituais.
Zilda Arns (1934-2010), de saudosa memória, será a mentora desse trabalho transcendental. Essa surpreendente mulher disse certa vez: “Nunca se deve complicar o que pode ser feito de maneira simples”. Assim é minha mãe. Soube administrar como poucos as carências materiais: enquanto ela criava cinco filhos e cuidava da mãe em seus últimos momentos no plano físico, Anninha fazia casaquinhos de tricô, e auxiliava o meu pai a alimentar a família.
Assim, o orçamento do novo Ministério será igual a zero. Toda e qualquer atuação será voluntária. Você se habilita a trabalhar com a ministra Anna? Ela lhe dará as boas-vindas, oferecendo como retribuição o seu melhor sorriso. Amor e Paz!