O ex-Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa afirmou nesta sexta-feira, 14, durante palestra em congresso realizado pela Abrapp, que a taxa de investimento ante o Produto Interno Bruto (PIB) deve atingir 17% ou pouco menos em 2014. “Para o Brasil crescer entre 3% e 3,5%, a taxa de investimento deve alcançar 20% do PIB”. “E para que isso ocorra é necessário aumentar o volume de poupança doméstica”, ressaltou.
No evento, Barbosa afirmou também que “o custo de carregamento do Tesouro via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é de R$ 30 bilhões ao ano, ou 0,5% do PIB.” Segundo ele, o banco oficial é uma instituição muito importante para os investimentos de longo prazo no País. Ele destacou que a expansão do mercado de capitais também é um instrumento relevante para viabilizar o incremento da Formação Bruta de Capital Fixo em projetos que requerem vários anos de realização. E para ampliar os investimentos, ele ressaltou que é fundamental que o País “poupe melhor.”
E para poupar melhor, Barbosa destacou que há alguns caminhos: “flexibilizar opções de poupança previdenciária” e maior oferta de produtos de previdência para o consumidor.
Para o ex-secretário, com o avanço da economia e do padrão de vida da população desde 2003, aumentou a demanda das famílias por serviços, como saúde e previdência complementar. “É importante que os consumidores tenham acesso a mais produtos do setor, como já existem em diversos países avançados.”
“É preciso estudar alternativas. Há, por exemplo, programas de previdência com ou sem resgate antecipado. Se houver resgate antecipado, pode fazer na forma de empréstimo. Há também sistema de previdência complementares setoriais, que não atuam para uma empresa específica”, afirmou Barbosa.
De acordo com ele, um outro elemento relevante é a redução dos custos administrativos dos fundos de pensão no Brasil. Ele citou que com o uso intensivo e sofisticado de telecomunicações “talvez não faça mais sentido enviar os comunicados por correio, mas sim pela internet.”
Juros
Barbosa afirmou ainda acreditar “em convergência lenta das taxas de juros do Brasil para taxas internacionais”. “É um processo devagar de convergência lenta de risco”, disse. Ele ponderou que a taxa real estava há alguns anos em 10% ao ano e hoje está próxima de 7%.
Segundo Barbosa, várias ações de política econômica determinam a diminuição do pagamento de juros pelo setor público, que está entre 5% e 5,5% do PIB ao ano. “Essa redução destes gastos depende de trajetória macroeconômica, que reduza a taxa de juros”, destacou. “A redução dos juros vai aumentar a taxa de poupança do governo”.
No evento, Barbosa foi questionado se será o próximo ministro da Fazenda. Ele respondeu: “Não comento o que não existe. Não acreditem em tudo o que vocês leem nos jornais”. Ontem, em entrevista em Campinas, ele afirmou: “Não fui convidado ou sondado para nenhum cargo. Continuo na área de ensino e pesquisa da EESP-FGV e do IBRE. Portanto, não posso falar sobre algo que não existe.”