Como ocorre quase todos os anos, a campanha salarial dos servidores é cercada de uma velha disputa política, deixando o funcionalismo à margem do processo e tratado com descaso principalmente pelo prefeito Sebastião Almeida (PT). Para piorar um pouco a situação, o sindicato da categoria – sem deixar claras as condições das negociações – gera desconfiança. O recente episódio que envolveu os professores da rede municipal, quando o acordo firmado com a administração no TRT chegou pronto à assembleia, sem chances de ser revisto, contribui muito para o descrédito do Stap.
Cartas marcadas?
Durante o chamamento para a assembleia de terça-feira à noite na Getúlio Vargas, servidores ligados ao Fórum de Associações, que reúne diferentes entidades ligadas ao funcionalismo, contam que encontraram sérias dificuldades junto às bases, devido à grande desconfiança dos trabalhadores em relação ao sindicato. Muitos consideravam que os termos da negociação salarial já estavam definidos e, como em outras oportunidades, a categoria sairia vendida do encontro.
Com credibilidade
Para garantir a participação de um maior número de servidores e evitar possíveis manobras, lideranças distantes do sindicato, mas com credibilidade junto ao funcionalismo, precisaram se comprometer em garantir um processo lícito, sem cartas marcadas. Tanto que, para a aprovação da proposta de estado de greve, foi necessário que um representante do Fórum fizesse o encaminhamento das discussões.
Gota d´água
A gota d´água para deixar claro o papel de cada um durante a campanha salarial foi dada pelo prefeito Sebastião Almeida, quando anunciou em programa de rádio que a Prefeitura iria repassar o reajuste de 9,34% na íntegra. Mais uma vez, o prefeito jogou a categoria contra o sindicato ao dizer que a entidade não compareceu a uma reunião, na última segunda-feira, quando a proposta oficial seria sacramentada.
Pingo nos is
Almeida deixou claro ainda que o parcelamento do reajuste foi discutido sim, durante as reuniões da Comissão Permanente de Negociação, onde o sindicato participou. Ou seja, toda aquela ladainha propagada pela entidade ao melhor estilo “eu não sabia de nada” foi por água abaixo. Mesmo assim, uns e outros – sempre mal informados – ainda preferem acreditar e propagar que “tudo é culpa da imprensa”.