A melhora dos indicadores Antecedente Composto da Economia (IACE) e Coincidente Composto da Economia (ICCE) em outubro demonstra uma interrupção no processo de deterioração da economia brasileira, segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Paulo Picchetti. O resultado do mês passado, entretanto, não foi suficiente para tirar o comportamento do PIB do campo negativo em prazos mais longos. “O resultado de outubro mostra que, por um lado, evitamos a recessão propriamente dita. Por outro lado, não escapamos da estagflação”, afirma Picchetti em entrevista à reportagem.
O economista lembra que o número de novas postos de trabalho, assim como a trajetória dos indicadores de inflação, caracterizam uma economia em estagflação. “Todos os indicadores que temos até agora mostram que alguns setores estão sofrendo muito nesse ano, como é o caso da indústria, e outros estão desacelerando, como serviços e comércio, o que já reflete no mercado de trabalho”, diz Picchetti.
No mês passado, o IACE subiu 0,8%, para 121,6 pontos, divulgaram nesta segunda-feira Ibre/FGV e o Conference Board. O ICCE também avançou em outubro, subiu 0,1% no período, registrando a marca de 127,4 pontos.
Olhando o resultado acumulado em um prazo maior, Picchetti observa que a deterioração da economia desacelerou com o dado de outubro. Nos seis meses encerrados no mês passado, o IACE cai 3,21%. No semestre encerrado em setembro, caía 5,55%. Nas mesmas bases de comparação, o ICCE cai 1,55% até outubro, enquanto caía 1,24% até setembro.
A expectativa de Picchetti para novembro e dezembro é que os dados continuarão positivos, ainda que muito perto do zero no acumulado de seis meses. “Todos os dados coincidem para um PIB positivo, mas muito baixo em 2014”, diz o economista.