Cidades

Data cabalística

Um ano atrás, Guarulhos acordava com a agradável sensação de que o PT estava sendo banido da administração municipal, já que nas eleições ocorridas na véspera, 2 de outubro, o candidato oficial da máquina, Elói Pietá (PT), tinha ficado em terceiro lugar e não estava habilitado a seguir para o segundo turno. Mas ainda havia o risco remoto do mesmo grupo político permanecer no poder, já que a candidatura alternativa, capitaneada pelo deputado federal Eli Correa Filho (DEM), que congregava em sua coligação oito partidos aliados ao então prefeito Sebastião Almeida (hoje no PDT), foi a segunda colocada e se habilitou ao turno final. 
 
O vencedor
Por outro lado, a grande surpresa do pleito, o atual prefeito Guti (PSB), contrariando diversas pesquisas bastante tendenciosas divulgadas por veículos de comunicação explicitamente aliados a Eli, venceu o primeiro turno com um viés de crescimento, que o tornaria imbatível ao longo da campanha para o segundo turno. Tanto que o resultado final foi correspondente a um massacre eleitoral (84% a 16%). 
 
Cisão 
Por essas coincidências da vida, exatamente um ano após aquele primeiro turno, vem à tona o rompimento entre o prefeito Guti e seu vice, Alexandre Zeitune (Rede), que deixou o comando da Secel na última sexta-feira. Entre uma série de boatos e informações desencontradas, muitas divulgadas até por jornalistas que não checam o que ouvem, a verdade é que tem início uma nova fase na administração municipal. A questão político-partidária pesou muito na decisão do chefe do Executivo, porém é certo também que a área de Educação, por mais que Zeitune diga ter avançado nestes nove meses, tem muito a evoluir. 
 
Secel mantida
A nova secretária municipal de Educação, Cultura, Esportes e Lazer (Secel), Marli Nabas, tem vasta experiência na área e deverá concentrar esforços no sentido de aprimorar os processos de contratações na Pasta, já que é especializada no assunto. Diferente do que Zeitune andou dizendo em algumas entrevistas, não existe qualquer intenção de Guti em desmembrar a Secel, voltando a montar secretarias específicas de Esporte e Cultura. O prefeito garante que a Secretaria será uma só. 
 
Tiro no pé
Em entrevistas na sexta-feira, após ser demitido do cargo, Zeitune falou diversas vezes que ele lutava  contra “quadrilhas” que queriam voltar a agir dentro de sua pasta. Não é difícil presumir que esses grupos criminosos, segundo ele disse, agiam na Educação nos 16 anos de administração petista. Curiosamente, em nota publicada na sexta-feira, o PT – como se não fosse com ele – soltou nota condenando o governo Guti e pedindo investigação, baseado nas falas do agora somente vice-prefeito. Se o PT for a fundo, descobrirá que tem tudo para virar o maior alvo.
 
Sinuca de bico
Nesta segunda-feira, primeiro dia útil sem Zeitune na Secel, correu a informação de que algumas escolas da rede municipal estariam sem merenda, fato que a coluna não conseguiu confirmar. Em grupos de WhatsApp de servidores ligados a alimentação escolar não demorou para correr a informação de que a responsabilidade era do ex-secretário, que não concluiu em tempo hábil os processos de compra dos insumos necessários para fornecer às crianças. Se for verdade, colocará o vice-prefeito numa sinuca de bico. 
 
Sem pecados?
Ainda falando de grupos de WhatsApp, a revogação da nomeação do cargo de diretora de departamento da Secel, Argentina Concebida Silva Barbosa, confirmada no Diário Oficial extra desta segunda-feira, foi mais comemorada que a própria demissão do titular da pasta, Alexandre Zeitune. Muita gente não conseguia entender como uma pessoa, filiada ao PT, pudesse ter tanto poder dentro de uma pasta estratégica do governo municipal. Fora que as atitudes tomadas pela agora ex-toda poderosa do vice fugiam completamente à nova política pregada por Guti.  
 

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