Em missão diplomática no Oriente Médio, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, esteve nesta quinta-feira, 19, em um acampamento israelense na Cisjordânia, tornando-se o primeiro homem no cargo a visitar uma ocupação contestada por Israel na região. A ida de Pompeo ao território foi confirmada à agências internacionais por um oficial do Departamento de Estado, sob condição de anonimato.
A soberania da Cisjordânia é um dos principais pontos de atrito entre israelenses e palestinos. Parte do território foi ocupado por Israel durante a guerra de 1967 – mesmo conflito em que o Estado hebreu conquistou Jerusalém Oriental – e abriga hoje cerca de 500 mil cidadãos israelenses. O domínio judeu é contestado pelos palestinos, que o consideram uma violação do direito internacional – posição que é endossada por grande parte da comunidade internacional.
Durante o governo Trump, os Estados Unidos abandonaram esse posicionamento, reconhecendo ambos os territórios como parte de Israel. O gesto mais emblemático neste sentido foi a mudança da embaixada americana para Jerusalém.
Antes da visita ao acampamento, Pompeo cumpriu agenda em território israelense. Acompanhado por um forte esquema de segurança, o secretário de Estado visitou o vinhedo de Psagot, situado na área industrial israelense de Shaar Binyamin, entre Jerusalém e a cidade palestina de Ramallah. O chanceler também concedeu uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Nenhum dos dois falou sobre a vitória de Joe Biden na eleição americana.
"Por muito tempo, o Departamento de Estado teve uma visão errada dos assentamentos", disse Pompeo. E completou: "mas agora reconhece que os assentamentos podem ser feitos de uma forma que seja legal, apropriada e adequada".
Netanyahu agradeceu ao governo americano por mover sua embaixada para Jerusalém e o reconhecimento da anexação das Colinas de Golã por Israel.
<b>Plano de paz frustrado</b>
O reconhecimento de Jerusalém como "capital indivisível de Israel" e dos assentamentos judeus na Cisjordânia foram os principais pontos que inviabilizaram o plano de paz proposto por Trump em janeiro deste ano.
Apesar de prever a criação de um Estado Palestino – o que foi aceito por Netanyahu e Benny Gantz, então rivais eleitorais – o acordo foi considerado pró-Israel, uma vez que o domínio tanto da Cisjordânia quanto da parte oriental de Jerusalém são um tópico irredutível na demanda palestina. (Com agências internacionais).