Guarulhos continua a registrar casos de dengue. A cidade que, no começo do ano, anunciou uma epidemia da doença, até o dia 2 de dezembro, 25.771 casos foram confirmados. A preocupação da população tem aumentado desde que casos do zika vírus teriam desenvolvido a microcefalia em algumas crianças. Na cidade um caso de zíka vírus está sendo investigados, segundo confirma a Secretaria Municipal de Saúde.
Os bairros mais afetados pela dengue são o Ponte Alta, Bonsucesso, Santa Paula, Taboão e Jardim São Ricardo. O GuarulhosWeb conversou com uma agente de Saúde, que realiza visitas em residências. Ela alerta para o número de terrenos e carros abandonados, que formam criadouros do mosquito e acaba gerando riscos a população. “Sabendo que a fêmea do mosquito é quem transmite a dengue e pode voar ate 2 km para conseguir desovar, eu pergunto: De que adianta todo o nosso cuidado com as casas se temos vários terrenos abandonados com lixos, depósitos de sucatas, desmanches de carros, e não adianta notificar, ninguém toma conhecimento?”, explicou.
Outra preocupação da agente é o fato de não haver material para que as ações sejam efetivas. “Este ano não vi uma única vez a zoonose dedetizando. Segundo o secretario de Saúde eles estão evitando o veneno e tentando outra estratégia. Nós sabemos que não existe outra estratégia, na verdade não tem veneno, não tem insumos, não tem vergonha e cada vez mais a dengue vai se multiplicar”, afirmou.
A Prefeitura informou que conta com duas máquinas para espalhar veneno e desde o início do ano usa os equipamentos em situações específicas e com critérios epidemiológicos. Segundo a Secretaria de Saúde, as duas máquinas que aplicam o veneno em áreas mais afetadas são suficientes para atender a todo o município. A Pasta alerta que o uso da máquina pesada, conhecida como fumacê, é restrito às áreas onde está ocorrendo uma intensa transmissão, índices epidêmicos, e só surte efeito se todos os criadouros do mosquito tiverem sido retirados: “O uso do fumacê é inútil, sem as demais medidas serem tomadas”.
Diferente do que afirma a agente de Saúde, a Secretaria informa ainda que o material disponível pela Prefeitura é suficiente. Além de material de trabalho para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti, os agentes orientam a população com folhetos educativos.
A pasta ainda completa que elaborou um plano de contingência da dengue de forma participativa, com o envolvimento de médicos, agentes comunitários de saúde e demais profissionais da área, incluindo gerentes das unidades, equipe administrativa, população, conselheiros gestores e municipais. O plano prevê medidas de emergência caso a cidade venha a enfrentar uma epidemia da doença e elenca as ações de combate ao vetor.
No momento, a Secretaria de Saúde está intensificando o trabalho de visita casa a casa, eliminando os focos do mosquito transmissor e educando a população. Esse trabalho é feito pelos agentes de serviço de saúde, contratados para esse fim, e pelos agentes comunitários de saúde. Em Guarulhos, as ações de controle de vetor são contínuas durante o ano todo, com a intensificação no segundo semestre.
Em algumas cidades os agentes de Saúde, estão autorizados a entrar em casas abandonadas e fechadas, para eliminar os focos da doença. Segundo a pasta, Guarulhos já tem embasamento legal para a entrada em imóveis fechados ou recusados, através de mandado judicial. Assim que for necessário, através de portaria do secretário, os agentes poderão ter acesso a esses imóveis, desde que embasados, por emergência em saúde pública.