O BTG Pactual anunciou na quarta-feira, 26, que se desfez da participação de 65% que detinha em uma concessão na Espanha em parceria com a espanhola Abertis, dona de 35%. O banco vendeu por 146,45 milhões de euros sua fatia na empresa Túnels de Barcelona I Cadí, uma concessão, válida por 25 anos, que gerencia projetos rodoviários de túneis da Catalunha, que liga Barcelona à região dos Pirineus franceses, e outro que liga Barcelona às principais cidades do interior do país, para o fundo AXA Infrastructure, gerido pela gestora francesa Ardian.
O desinvestimento ocorreu um ano e 11 meses depois de o banco ter entrado no negócio. Segundo Renato Mazzola, sócio do banco e principal executivo da área de infraestrutura, a venda foi considerada uma boa oportunidade, uma vez que o valor recebido representa um múltiplo de 2,46 vezes em euros sobre o capital investido pelo BTG à época da operação (de 68 milhões), período em que a Espanha passava por uma crise. As negociações para a venda desse negócio duraram dois meses.
Em suas últimas informações trimestrais, a BTG Pactual informou que a Túnels de Barcelona I Cadí registrou lucro líquido de R$ 1,7 milhão nos nove meses encerrados em setembro, ante resultado negativo de R$ 3,3 milhões no mesmo período do ano passado.
Mesmo com a saída dessa concessão, o BTG ainda mantém participação em negócios de infraestrutura fora do Brasil. Na própria Espanha, participa de um consórcio com a empresa Acciona, na qual capta e faz tratamento de água da região da Catalunha. Essa operação, inclusive, tem sido questionada na Justiça do país por empresas que ficaram de fora da licitação e corre o risco de ser anulada. O banco também mantém, por meio de seu braço em participações em empresas, investimentos em energia renovável no Chile e no Peru.
Oportunidade
Mazzola afirmou que o BTG vai continuar buscando oportunidades em infraestrutura dentro e fora do País. Segundo o executivo, o fundo que o BTG levantou, de quase US$ 1,8 bilhão, para investir nesse segmento, está procurando negócios na América Latina. Do total levantado, metade já foi investido. “Há US$ 900 milhões que poderão ser aportados nos próximos quatro anos.”
A Colômbia é um país que está no radar do BTG para investimentos em infraestrutura. No Brasil, o banco não pretende fazer investimentos diretos em licitações, mas não descarta entrar em negócios por meio de desinvestimentos de empresas.
O apetite do banco para investir em participações em empresas está mais seletivo. “Vamos analisar os investimentos caso a caso”, disse. Sobre a crise pela qual a Petrobrás passa, que deve afetar investimentos em óleo e gás, Mazzola afirmou que o banco está tentando entender esse período turbulento para definir seus próximos passos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.