Os principais indicadores acionários americanos encerraram o pregão desta quarta-feira, 5, em alta à medida que os agentes do mercado continuaram atentos a indicadores da economia dos Estados Unidos, que mostraram sinais conflitantes ao mesmo tempo em que a possibilidade de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) continua no radar. Os investidores também se atentaram às negociações comerciais entre autoridades americanas e mexicanas e deram prosseguimento às compras vistas na sessão anterior, quando as bolsas subiram mais de 2% em Nova York.
Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,82%, cotado a 25.539,57 pontos, enquanto o S&P 500 subiu 0,82%, para 2.826,15 pontos. Já o Nasdaq eletrônico avançou 0,64%, para 7.575,48 pontos.
Indicadores da economia americana mostraram sinais conflitantes quanto ao desempenho do mercado de trabalho dos EUA em maio. O relatório elaborado pela ADP sobre criação de vagas de emprego no setor privado do país apresentou geração de apenas 27 mil postos no mês passado, um número bastante abaixo do esperado pelos mercados (173 mil). Contudo, o Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) informou que, no mesmo mês, o índice de atividade do setor de serviços superou as estimativas (55,0) ao subir de 55,5 pontos em abril para 56,9 pontos, em um desempenho impulsionado pelo componente de emprego.
De acordo com o Livro Bege, sumário das condições econômicas em cada uma das distritais do Fed, em abril e em meados de maio, o emprego continuou a aumentar nos EUA em ritmo modesto ou moderado na maioria dos distritos do banco central. Alguns relataram apenas um ligeiro crescimento. Na avaliação do economista-chefe do Jefferies, Ward McCarthy, o Livro Bege mostrou mudanças “sutis” em relação à versão anterior do documento. Para ele, “não há nada que sugira qualquer sensação de preocupação ou urgência sobre as condições econômicas”. Mesmo assim, os agentes continuaram a apostar em reduções nas taxas de juros pelo Fed ainda este ano.
Os contratos dos Fed funds, compilados pelo CME Group, apontavam, no fim da tarde, 98,4% de possibilidade de ao menos um corte nos juros de 25 pontos-base até o fim do ano. Nesse cenário, papéis de grandes bancos mostraram um desempenho misto: a ação do Goldman Sachs caiu 0,76% e a do Morgan Stanley perdeu 0,12%, mas a do JPMorgan apresentou ganho de 0,36%.
As apostas de corte nos juros pelo Fed ganharam força, principalmente, após a nova investida tarifária dos EUA contra produtos mexicanos. De olho nessa situação, o senador republicano Chuck Grassley (Iowa) disse a repórteres, durante a tarde, que existe a possibilidade de um acordo entre os dois países para evitar que as tarifas americanas sejam impostas sobre os bens mexicanos. Do lado de Washington, as conversas são comandadas pelo vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e pelo representante comercial, Robert Lighthizer. Na Europa, o presidente Donald Trump voltou a ameaçar tarifar o México caso a situação na fronteira não seja resolvida.
Os comentários de Grassley deram apoio às bolsas, mas, na avaliação do estrategista sênior de mercados da LPL Financial, Ryan Detrick, fatores técnicos também colaboraram para a recuperação dos mercados acionários americanos. Em relatório enviado a clientes, ele lembrou que o S&P 500 apresentou a maior sequência de quedas semanais consecutivas desde outubro de 2014. “Tendo a história como guia, avaliamos que essa sequência de derrotas semanais terminará em breve”, escreveu.
No ramo corporativo, um dos destaques do dia foi a Apple, cujas ações subiram 1,61%, mesmo em meio a sinais crescentes de investigações e possibilidade de maior regulação de gigantes de tecnologia. O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, contudo, se disse despreocupado ao apontar que a companhia não é monopolista.