Economia

Brasileiro repensa plano de férias por causa do câmbio

O brasileiro demorou mais para fechar as tão aguardadas férias de fim de ano em 2014. Diante de um cenário de instabilidade econômica e da recente disparada do dólar, muitos brasileiros adiaram o fechamento dos pacotes em busca de opções mais baratas ou facilitadas. Com promoções das agências e novas opções de destinos, o mercado, porém, deve se manter aquecido.

Nessa época do ano, normalmente, quase todos os pacotes de viagem já estariam fechados. Neste ano, porém, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), foram vendidos apenas 70% dos pacotes disponíveis para o período. De acordo com a Decolar.com, em 2013, os brasileiros compraram sua viagem de férias de verão com uma antecipação média de 60 dias. Em 2014, a média caiu para 41 dias.

“Foi um ano instável. Tivemos um primeiro semestre bastante razoável, mas a Copa do Mundo atrapalhou muito e as eleições deram uma segurada, além do próprio cenário econômico”, diz Antonio Azevedo, presidente da Abav Nacional. “Com isso tudo, houve um atraso, um delay nas reservas.”

Uma das preocupações de quem se prepara para fazer as malas foi o câmbio. Neste ano, o dólar comercial já subiu quase 9%, batendo R$ 2,60 no mês passado – o maior nível desde abril de 2005. Para Sylvio Ferraz, diretor executivo da TAM Viagens, a escalada não desestimula os que já fecharam os pacotes, que podem reduzir a quantidade de compras, por exemplo. “Já em relação a quem compra hoje, acredito que as pessoas estão esperando para ver onde o dólar vai”, diz. “A flutuação do câmbio retarda a decisão de compra.”

Para Valter Patriani, vice-presidente de vendas, produtos e marketing da CVC, o câmbio não influencia tanto na decisão, sobretudo por causa das promoções da operadora, como câmbio fixo e facilidades de pagamento. “Alta de 10% (do dólar) não é agradável, mas também não é suficiente para que uma pessoa mude os seus planos. Não estraga sonho”, afirma.

Outro ponto, diz o executivo, é que o aumento de preços não é inteiramente repassado ao consumidor. “Ninguém quer perder cliente: quando sobe o dólar, a gente liga para os fornecedores e eles sempre conseguem dar um descontinho, de forma que, se sobe 10%, a gente consegue segurar pelo menos 5%.”

Patriani afirma ainda que as férias de verão são tradicionalmente mais “brasileiras”, com mais procura pelos destinos locais. Na CVC, por exemplo, 70% da demanda no período é nacional, sobretudo para o Nordeste. “O destino número um é Porto Seguro, por ser mais perto de São Paulo e do Rio e mais barato do que outras cidades no Nordeste, como Fortaleza.” Outros destinos com alta demanda nas férias de verão são Maceió, Natal, Salvador e Recife. Fora do Nordeste, Rio de Janeiro, Serra Gaúcha, litoral de São Paulo e de Santa Catarina.

Novos destinos

Para fazer a viagem de férias caber no bolso, muitos brasileiros apostaram em destinos para além de Nova York e Miami ou dos resorts do Nordeste. Na CVC, por exemplo, os primeiros pacotes esgotados para os feriados de fim de ano foram para Caldas Novas e Bonito. Na semana do Natal, por exemplo, quatro noites em Caldas Novas saiam R$ 1.128 por pessoa; já oito noites em Bonito custavam R$ 1.998.

“Se considerarmos a temporada inteira de férias, as vendas para o Nordeste aumentaram. Porém, nos feriados de Natal e ano-novo, caíram”, diz Alípio Camanzano, diretor da Decolar.com. “Outra curiosidade foi o réveillon em São Paulo que, neste ano, foi mais procurado do que o Rio de Janeiro, pelo preço mais atrativo.”

Na Decolar.com, entre os destinos mais procurados para a época de festividades estão Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba e Brasília. “Muitas cidades que passaram por remodelação na Copa do Mundo ficaram mais atraentes aos olhos do consumidor, além de serem pacotes muito mais baratos”, diz Camanzano.

Já no cenário internacional cresceu a demanda por Santiago, no Chile, em Lima, no Peru, e as praias caribenhas, com o sistema all inclusive. Segundo a Abav, o mercado de viagens deve crescer cerca de 5% em relação a 2013.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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