A Renova Energia anunciou na quarta-feira, 15, o cancelamento de um contrato de venda de eletricidade para a estatal Cemig, uma das sócias da companhia. Em fato relevante, a empresa – que passa por um forte processo de reestruturação de suas contas – afirmou que o acordo refere-se a 676,2 megawatts (MW) de capacidade instalada, previstos para entrar em operação em 1º de janeiro de 2019.
A medida dá um alívio no caixa da companhia. Os 25 parques eólicos na Bahia, cujos investimentos totais são da ordem de R$ 3,5 bilhões, exigiriam elevados desembolsos neste momento e poderiam pressionar ainda mais as contas da Renova. “Esse cancelamento reduz de forma significativa a necessidade de investimentos bem como melhora a posição de liquidez da companhia”, afirmou a empresa, no fato relevante.
Além disso, com a decisão anunciada na quarta, a Renova poderá colocar esse volume de energia à venda em novo leilão por um preço mais atraente. No contrato com a Cemig, o valor do MWh estava entre R$ 135 e R$ 140. No último leilão, os preços ficaram em torno de R$ 200 o Mwh.
Essa não foi a primeira revisão da Renova. Em maio, a companhia renegociou contratos que tinha no mercado livre com seus próprios sócios. Um parque eólico, de 200 MW, que deveria entrar em operação no ano que vem foi prorrogado para o fim de 2020. Outro que entraria no fim de 2015 ficou para outubro deste ano.
Na época, o diretor comercial da Cemig, Evandro Vasconcelos, afirmou que a condição do setor, com sobra de energia, foi favorável a essa revisão dos cronogramas.
Prejuízo
Desde o ano passado, a Renova vem promovendo um enxugamento nas suas estruturas por causa dos prejuízos causados por uma parceria com a americana SunEdison – hoje em recuperação judicial. Em junho de 2015, a Renova vendeu 14 parques eólicos à SunEdison, por cerca de R$ 1,6 bilhão. Desse valor, cerca de R$ 500 milhões entraram no caixa da empresa em dinheiro, e o pagamento restante foi em ações da companhia, que despencaram com a recuperação judicial.
Além das renegociações de contratos, a Renova trocou seu comando e elegeu Carlos Figueiredo o novo diretor presidente. Outra iniciativa é a busca por um novo sócio. Esse investidor deverá comprar os 16% de participação da Light na empresa. Fontes do mercado afirmam que quatro grupos estrangeiros estão fazendo due diligencie nas contas da Renova: dois chineses, um americano e dois canadenses. Eles têm até 30 de julho para apresentar proposta.
Se tudo correr bem, após a venda da participação da Light, os sócios terão de fazer aumento de capital na empresa, que pode ficar entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. Neste ano, os acionistas já fizeram aporte de R$ 280 milhões para terminar obras em andamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.