Economia

Dólar volta a subir e vai a R$ 3,86 com exterior e cautela com reforma

Após cair a R$ 3,83 na manhã desta quarta-feira, 12, o dólar mudou o ritmo e passou a subir na parte da tarde, acompanhando a valorização da moeda americana no exterior e também repercutindo as declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que os Estados e municípios vão ficar fora da reforma da Previdência. Os investidores aguardam agora a apresentação do parecer do relator da reforma na comissão especial, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), que deve começar às 9h30 desta quinta-feira. O dólar à vista fechou em alta de 0,45%, a R$ 3,8669.

Nesta quarta, o dólar bateu máximas após as declarações de Maia. “O texto que virá amanhã da reforma deve ser apresentado sem Estados e municípios”, disse ele, ressaltando que ainda é possível articular um acordo para incluir estes ente até julho. Com os Estados e municípios saindo, o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, destaca que pode ficar um pouco mais difícil aprovar o texto. Por isso, o dólar zerou a queda com as declarações. Ele ressalta ainda que a declaração de Maia sobre o sistema de capitalização ficar fora da reforma também não repercutiu bem perto do fechamento.

O estrategista-chefe de investimentos da AZ Quest, Alexandre Silvério, avalia que aumentou nos últimos dias, com o avanço da agenda legislativa no Congresso, a chance de a votação da reforma no plenário da Câmara ocorrer antes de os deputados entrarem em recesso. Nesta quarta, Maia disse que o objetivo é votar na primeira semana de julho no plenário. Com a votação, o gestor vê chance do real se valorizar. Os estrategistas do banco alemão Commerzbank falam em dólar buscando os R$ 3,70. Silvério, porém, tem como cenário a aprovação da reforma com impacto fiscal caindo a R$ 550 bilhões, a metade do previsto pelo governo no texto original. A desidratação viria de medidas como a retirada das mudanças na aposentadoria rural, pagamentos de benefícios (BPC) e na regra de transição.

Mais cedo, o dólar havia operado em queda aqui e lá fora, influenciado pelo índice de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos abaixo do previsto em maio, o que reforçou a visão de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Também contribuiu no mercado doméstico o anúncio do Ministério da Economia, de que a Caixa devolve nesta quarta R$ 3 bilhões ao governo, recursos tomados durante o governo da então presidente Dilma Rousseff. No exterior, no final do dia, o dólar subia tanto perante moedas emergentes como divisas fortes, influenciado pelo endurecimento da retórica de EUA e China em sua disputa comercial.

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