A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que “se o Brasil tiver políticas fiscais sólidas e atacar gargalos em infraestrutura, poderá ser mais do que um gigante em economia”. O FMI promove em Santiago, no Chile, a conferência “Desafios para assegurar o crescimento e uma prosperidade compartilhada na América Latina”.
Ao responder pergunta do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, em entrevista coletiva, Lagarde manifestou ter “ficado encorajada” com a nova equipe econômica, formada pelos ministros indicados da Fazenda, Joaquim Levy, do Planejamento, Nelson Barbosa, e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
“Estou segura que adotando políticas fiscais sólidas, atacando os gargalos que existem atualmente, introduzindo as reformas estruturais necessárias, o Brasil pode ser um gigante do ponto de vista econômico”, disse Lagarde.
A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) rebaixou esta semana sua projeção de crescimento este ano para o Brasil de 1,4% para 0,2%. Para o ano que vem, a expectativa de expansão é de 1,3%.
Desde que foi reeleita, a presidente Dilma promete maior disciplina fiscal e nomeou Joaquim Levy, conhecido por ser conservador, para recuperar a confiança dos investidores e evitar um rebaixamento das agências de classificação de risco.
Em seus primeiros comentários, depois de ser indicado para a Fazenda, Levy disse que tomaria as medidas necessárias para equilibrar a economia. “Eu me sinto bem confiante com as declarações iniciais feitas pelo novo ministro (Levy) e esperamos trabalhar com a equipe (do Ministério da Fazenda) no futuro” declarou Lagarde.
América Latina
Lagarde afirmou ainda que “a situação mudou para a América Latina, com menor preço de commodities e custo maior de empréstimos financeiros”, especialmente com a aproximação do processo de alta da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Segundo ela, como não há mais um boom de preço de commodities que durou 20 anos e os juros vão subir, os países da América Latina precisam buscar modelos alternativos de crescimento, com um foco central no aumento da produtividade total de fatores de suas economias.
“O FMI quer ajudar a América Latina como provedor de seguro”, disse. “Estamos em uma nova face, com mais diálogo e escutando mais as necessidades dos países-membros.”
Lagarde disse que a América Latina precisa “rejuvenescer” seus múltiplos mecanismos de integração econômica. Segundo ela, hoje esses mecanismos se assemelham a um grande prato de espaguete. “A integração comercial regional deve ser rejuvenescida”, afirmou Lagarde em alusão ao mecanismos de integração como o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), a União das nações Sul-americanas (Unasul) e o Sistema de Integração Centro-americano (Sica).
“Seus benefícios agregados não estão claros”, acrescentou a economista francesa. “É preciso reavaliar o enfoque atual para o comércio e criar novas formas de integração.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.