A pandemia do novo coronavírus provocou uma perda generalizada de postos de trabalho no trimestre encerrado em maio, mas os mais impactados foram os trabalhadores informais, segundo Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE). As demissões foram recordes em oito dos dez grupos de atividades econômicas, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo IBGE.
O País alcançou uma taxa de informalidade de 37,6% no mercado de trabalho no trimestre até maio, a menor da série histórica iniciada em 2016, com 32,3 milhões de trabalhadores atuando na informalidade. O resultado significa 5,784 milhões de trabalhadores informais a menos em apenas um trimestre.
"Dessa queda de 7,8 milhões de pessoas ocupadas, 5,8 milhões foram de trabalhadores informais. Dentro da minha queda da ocupação, 74% foram trabalhadores informais. Então realmente salta aos olhos, a queda do emprego sem carteira, o trabalhador doméstico sem carteira, o empregador sem CNPJ", avaliou Adriana Beringuy.
O País registrou a demissão de 2,426 milhões de pessoas sem carteira de trabalho no setor privado no trimestre encerrado em maio, enquanto outros 2,062 milhões de trabalhadores por conta própria perderam suas ocupações. Mais 2,522 milhões de vagas com carteira assinada foram extintas em um trimestre, e 1,176 milhão de trabalhadores domésticos perderam seus empregos no período.
O setor público abriu 884 mil vagas em um trimestre, segundo Adriana Beringuy, num movimento sazonal e contratação de mão de obra após as dispensas também sazonais no fim do ano anterior.
"A queda na informalidade em outros tempos poderia ser vista como algo extremamente positivo, caso tivesse sido convertida, por exemplo, em trabalho com carteira, essas pessoas migrando para a formalidade, mas não é o caso. Boa parte dessas pessoas está sendo colocada fora da força de trabalho", ressaltou Adriana.