Apesar de ter ganhado espaço no noticiário e nas ruas recentemente com a implantação das ciclofaixas, o mercado de bicicletas no Brasil vive um momento de retração e deve fechar o ano com queda de 10% tanto na produção como nas vendas.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) e presidente da Caloi, Eduardo Musa, em 2014 o segmento já amarga o sexto ano consecutivo de queda. “Apesar de a bicicleta estar muito na mídia, vivemos um momento de transformação cultural”, afirmou. “É um processo que está começando e tem muita coisa a ser ajustada.”
O executivo explicou que a bicicleta foi usada durante muito tempo como transporte para pessoas de baixa renda e em áreas rurais que passaram a trocá-la por motos quando possível, por exemplo.
Nos últimos 20 anos, nas vendas de veículos de transporte individual a bicicleta teve uma queda de 30%, enquanto o segmento de motocicletas cresceu 1.400% e o de automóveis teve alta de 157%. “Ainda é necessária uma transformação cultural para efetivamente transformar bicicleta em alternativa de mobilidade urbana”, reforçou.
O executivo elogiou a postura do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, de implementar as ciclofaixas e disse que cada quilômetro de ciclovia instalado é mais efetivo para o setor do que uma redução no IPI, por exemplo. “É o caminho certo, doa a quem doer e está doendo para muita gente”, afirmou. “Ainda tem pouca gente usando, mas faz parte. Tomara que ele tenha sucesso e que os novos governantes mantenham essa política, que é a forma correta e historicamente provada de se fazer.”
A entidade prepara o estudo “O uso de bicicletas no Brasil, qual o melhor modelo de incentivo” para ser apresentado no primeiro trimestre do ano que vem.
Motocicletas
O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, disse nesta terça-feira, 09, que depois de o nível de estoques de motocicletas ultrapassar os 30 dias nas concessionárias, o segmento conseguiu por meio de paradas na produção adequar o volume nas concessionárias. Os cortes não programados que aconteceram nos meses de setembro, outubro e novembro foram suficientes para ajustar os estoques. “Não houve uniformidade nas fábricas, mas agora já vemos as concessionárias reduzindo os estoques para 25 dias”, afirmou.
O executivo informou ainda que as fábricas do setor não planejam extensão de férias coletivas e que este ano, por conta da Copa do Mundo, a paralisação foi dividida entre o fim do ano e o mês de junho.
Empregos
Fermanian afirmou que ainda são esperadas mais algumas demissões pontuais até o final do ano para que a indústria se prepare para uma retomada. “Existe um movimento de redução gradativa e daqui até o final do ano certamente teremos mais postos de trabalho perdidos”, disse.
Ele ponderou que não acredita em demissões em massa e sim em ajustes. “A intenção é manter o nível de emprego que temos hoje”, afirmou. “É claro que depende do desempenho da indústria.” O setor encerrou o ano passado com 18.249 postos de trabalho. Até novembro deste ano, de acordo com os dados da Abraciclo, o número de funcionários é de 17.928.