Economia

Concentração em ensino à distância é o maior desafio para Kroton

No caso de uma fusão entre Kroton e Estácio, o mercado de ensino à distância (EAD) é o que demanda mais atenção em relação à concorrência. Levantamento obtido pelo Broadcast, serviço de notícias de tempo real da Agência Estado, aponta que as duas maiores do setor no País detêm fatia de mais de 90% do mercado de ensino à distância em 208 cursos, oferecidos em 51 municípios. O estudo considera as possíveis complicações no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no caso de uma fusão entre as duas.

O levantamento mostra também que, se o corte for feito quando o market share somado supera 60%, há 415 cursos, distribuídos em 70 municípios.

A análise do Cade nesse segmento é complexa. No primeiro grande caso do tipo julgado pelo órgão – a fusão de Kroton e Anhanguera, em 2013 -, surgiu a determinação de que a análise concorrencial no ensino à distância (EAD) deve ser feita levando em conta tanto a concentração no mercado nacional um todo quanto em cada curso e região.

A Kroton tem procurado descartar preocupações, porém, afirmando que o EAD não é o foco de uma transação com a Estácio. A empresa afirma em conversas que o total de cursos das duas companhias no ensino à distância é de mais de 7,5 mil e que, por isso, os cursos com alta concentração representam apenas 3,6% do total.

Em termos nacionais, a Kroton já é dona das duas maiores instituições de EAD brasileiras: a Unopar e a Uniderp. Juntas, elas representam 38% do mercado privado nacional de ensino à distância, segundo dados recentemente compilados pela consultoria Hoper Educação. A Estácio tem outras duas instituições que somam 9% de market share, de acordo com a Hoper, que se baseou em dados do Ministério da Educação.

A principal aposta da Kroton é na venda dos negócios de EAD da Estácio. Assim, ainda que todas essas correções tivessem que ser desfeitas, representariam pouco mais de 5% da receita líquida da combinação das companhias, diz uma fonte com conhecimento do assunto.

Fontes de mercado dizem, no entanto, que a venda de uma parte dos ativos de EAD da Estácio pode não ser viável, visto que o ativo está dentro da Universidade Estácio de Sá e que, pelas regras do Ministério da Educação, não é possível vender apenas algum curso de uma universidade. E a venda da Universidade Estácio como um todo ou da Uniderp, unidade de ensino a distância da Kroton, poderia inviabilizar o negócio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Posso ajudar?