Economia

Fipe reduz previsão de IPC do mês para 0,44%, mas mantém 5,32% para o ano

A desaceleração no ritmo de alta do grupo Alimentação na segunda leitura de dezembro na capital paulista foi uma “surpresa boa”, embora o nível dos preços ainda esteja elevado. A avaliação foi feita nesta terça-feira, 16, ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, pelo coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), André Chagas, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Segundo ele, o arrefecimento do grupo, de 1,42% na primeira medição para 0,95% na segunda, é o grande responsável pela redução na previsão para o IPC fechado de dezembro, que passou de 0,47% para 0,44%. “É o principal ponto que nos forçou a incorporar uma revisão maior para o fechamento do mês. Há sinais de comportamento mais contido nos preços dos alimentos”, disse, completando que a projeção para o IPC de 2014 permanece em 5,32%.

Além de ter desacelerado ante a primeira leitura do mês, a alta de 0,95% apurada na segunda quadrissemana (últimos 30 dias terminados ontem) veio menor que a expectativa da Fipe de 1,16%. Por isso, Chagas também diminuiu a projeção para o grupo de alimentos, de 0,98% para 0,71%. “Ainda não dá para dizer que a taxa da segunda leitura é baixa (de 0,95%). É o principal motivo para explicar nosso erro na previsão para Alimentação. Houve desaceleração quase generalizada dos alimentos”, explicou.

Segundo Chagas, há sinais de acomodação da inflação de alimentos, após a aceleração recente. Em sua avaliação, no geral, o espaço para novos aumentos nos preços da maioria dos produtos alimentícios está se esgotando. “Os preços no atacado já davam alguns sinais nesse sentido e fomos conservadores em não incorporar o movimento em nossa estimativa na semana passada. Talvez os efeitos da estiagem sobre os alimentos tenha atingido um limite, principalmente sobre alguns in natura”, afirmou.

O economista da Fipe afirmou que os preços de alimentos como frutas, legumes e tubérculos, que já subiram 12%, 17% e 7%, respectivamente, neste ano, estão com altas menos intensas ou até mesmo quedas nas pesquisas mais recentes. “As carnes que chegaram a ter alta na casa de 5%, na ponta (levantamentos atuais), estão ao redor de 2%. Os preços de suínos também estão subindo menos, perto de 1%, enquanto as aves estão caindo quase 4%”, contou.

Na segunda quadrissemana, as carnes bovinas tiveram variação positiva de 3,76%, as suínas avançaram para 2,16% e as aves ficaram praticamente estáveis, com alta de 0,01%. Com isso, o subgrupo de semielaborados ficou em 1,34% (ante 1,47%).”No que se refere a semielaborados, havia algumas pressões de custos que justificaram as altas recentes. Tinha a questão da estiagem, a situação dos preços internacionais, além da sazonalidade típica do período”, explicou. “Apesar de ainda ter alguma pressão de custo e de quebra de safra, o espaço para mais aumento de preços começa a chegar no limite”, completou.

Além de Alimentação, a alta de apenas 0,01% do grupo Habitação na segunda leitura do mês também ajudou a limitar um avanço maior do IPC no período, disse Chagas. Este conjunto de preços vem sendo beneficiado pela queda nos preços da energia elétrica, em razão da redução de PIS/Cofins, e também pelo recuo na conta de água e esgoto, devido ao desconto dado pela Sabesp a consumidores que diminuírem o consumo em São Paulo.

Despesas Pessoais e Vestuário

Já do lado das pressões, os grupos Despesas Pessoais (0,95%) e Vestuário (0,85%) apresentaram variações elevadas na segunda quadrissemana do mês, segundo o economista da Fipe. No primeiro caso, a influência veio dos gastos dos consumidores com viagem/excursão e passagem aérea, cujos preços avançaram. Já em relação a Vestuário, Chagas disse que neste ano a sazonalidade do segmento “veio um pouco tarde” na comparação com anos anteriores, quando o período de maior elevação de preços ocorre entre outubro e novembro. “É um comportamento que talvez possa estar relacionado àquele momento em que a economia entrou em recessão técnica. Pode ter retardado a procura”, estimou, referindo-se às duas quedas consecutivas do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, no primeiro e no segundo trimestres.

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