A Eletrobras informou nesta segunda-feira, 4, que a estatal e a sua subsidiária Amazonas Energia devem efetuar o pagamento de aproximadamente R$ 433 milhões das dívidas que a companhia tem com a Petrobras. No último sábado, o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou que a Petrobras decidiu cortar o fornecimento de gás para a Amazonas Energia, responsável pelo abastecimento de todo o Estado.
Além disso, a Eletrobras ressalta que está adotando as providências para resolver a questão com a Petrobras. A Amazonas Energia informa que, apesar do corte de fornecimento de combustível para as usinas termelétricas de Aparecida e Mauá Bloco III, não houve problemas no fornecimento de energia para Manaus, “mas é necessário encontrar solução imediata para o fornecimento, a fim de evitar risco de cortes no sistema elétrico da cidade”, diz a companhia em esclarecimento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A decisão da Petrobras, conforme apurou o jornal com uma fonte do governo, foi tomada após sucessivas tentativas de chegar a um acordo com a empresa sobre o pagamento da dívida. No mês passado, a Amazonas Energia deu um novo calote na Petrobras, deixando de pagar uma das mensalidades previstas em negociação firmada em dezembro de 2014.
Pelo acordo, a Amazonas Energia assumiu o pagamento de uma dívida de cerca de R$ 3,5 bilhões, que seria quitada em 120 parcelas. No último mês, porém, a empresa simplesmente deixou de pagar a conta. Para complicar a situação, a Amazonas Energia passou a acumular novos passivos com a Petrobras, uma conta extra que, segundo apurou a reportagem, hoje supera R$ 2 bilhões.
Em maio, fornecedor e cliente tentaram chegar a um acordo, mas a negociação não avançou. A Petrobras notificou a Amazonas, dando prazo de 30 dias para que se achasse uma solução. Não se chegou a nenhum acordo. Hoje, a Petrobras cobra a Amazonas Energia na Justiça.
No mês passado, a Eletrobras tornou público um laudo de avaliação feito pela Deloitte Touche Tohmatsu com a conclusão de que a Amazonas Energia é credora de aproximadamente R$ 8 bilhões da Conta de Consumo de Combustível (CCC) e da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), recursos que subsidiam o funcionamento de termelétricas de sistemas isolados da região Norte do País.
A Eletrobras informa ainda que a Amazonas Energia continua negociando novos acordos com seus fornecedores de combustíveis, especialmente a Petrobras, a BR Distribuidora e a Companhia de Gás do Amazonas (Cigas), para dívidas feitas a partir de dezembro de 2014, com o objetivo de evitar a interrupção do fornecimento de combustível e consequente corte no sistema elétrico de Manaus.